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A Aurora de Yangchen: Vozes do Presente

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Jovens costumavam ter dificuldade para entender o quão rápido as fortunas de um lugar poderiam surgir a custo das despesas de outro. No crescimento contínuo do Acordo Platina, muitos dos recém-chegados a Bin-Er eram pegos de surpresa com o crescimento explosivo da cidade, por mais que eles mesmos tenham sido parte desse crescimento, arrastados junto às mudanças.

 

 Kavik, por outro lado, sabia que localidades essenciais poderiam mudar grandes distâncias sem aviso prévio. Rebanhos se moviam como água. Cardumes de peixes se moviam como água. Pessoas também, quando suas vidas dependiam disso.

 

E o fluxo nem sempre era pacífico. O fluxo de seres humanos podia fluir em grande velocidade em direção a um único reservatório sem evasão, esmagando pedaços de gelo e destroços até serem apenas partículas. Se seu barco alguma vez ficar preso em tal turbilhão, a chave para a sobrevivência era descobrir quanto tempo você teria até você sofrer o mesmo fim.

 

Kavik não tinha certeza quanto tempo Bin-Er ainda tinha como um todo. Mas, nesse momento, ele próprio estava pensando em dez, talvez vinte minutos até a coisa ficar feia. Feia e fora de controle. Ele estava tentando cruzar o quadrado do distrito internacional quando uma grande multidão, zumbindo com agressividade, bloqueou seu caminho. As roupas de inverno pesado que todos usavam para sobreviver ao longo da fronteira nortenha do continente do Reino da Terra tornava difícil de se espremer por entre os espaços.

 

Normalmente, Kavik tinha esses tipos de interrupção sob controle.

 

— O que está acontecendo? — ele perguntou para pessoas ao redor.

 

— Nós finalmente cercamos Shang Teiin — disse um homem grande, espiando por cima da multidão. — Ele tinha que deixar as muralhas de sua propriedade em algum momento. Ou ele nos escuta aqui e agora, ou ele vai ter que passar a noite se refugiando no Templo Gidu.

 

Kavik engoliu sua inquietação.

 

— E… Como exatamente vocês fizeram isso? Teiin normalmente é difícil de se achar, não?

 

— Nós juntamos nosso dinheiro e pagamos um mensageiro para copiar o calendário de reservas do Templo — disse o homem, sorrindo satisfeito. —Temos que usar os métodos do inimigo contra ele mesmo. E, quem diria, — exclamou — hoje é aniversário de morte do avô de Teiin.

 

Isso não iria acabar bem. Teiin era de pouca conversa e muita ação. A ideia de que o poderoso Shang interromperia seus rituais ancestrais, para aparecer nos degraus do Templo Gidu e, em um momento de benevolência, reconheceria as queixas de seus empregados era, na melhor das hipóteses, errônea e, na pior, perigosa.

 

Ele precisava sair daquele lugar.

 

— Dê para esse cão-bode velho o que ele merece! — Kavik disse, enquanto se virava para ir embora.

 

Uma mão pesada pousou em seu ombro e o girou de volta.

 

— Fique conosco, irmão — o homem encarou Kavik. — Se os Shangs não levarem uma bronca de vez em quando, eles vão fingir que não existimos. Toda voz conta.

 

Recém-chegados tinham que ser difíceis de lidar, não tinham? O homem estava pedindo a Kavik para tomar uma posição mais firme. E qualquer menino fazendo perguntas poderia estar do lado de Teiin ou outro Shang, um espião para monitorar a multidão. O homem deu um empurrão, igualmente fraternal e ameaçador, em Kavik.

 

— Desculpe, mas eu tenho que deixar uma ordem no boticário — Kavik disse. Ele tinha suas próprias tarefas à sua frente e não queria fazer novos amigos.

 

— A essa hora do dia? — o aperto ao redor dele ficou mais tenso.

 

— Eu sei que é tarde — Kavik respondeu depressa — mas Tio Ping demora um pouco para fechar e sempre me deixa fazer um pedido antes dele ir embora.

 

Ele assistiu à história percorrer seu caminho na cabeça do homem. Talvez ele tenha exagerado nos detalhes, mas o atraso por si próprio foi suficiente.

 

— Ele está lá! Olhem Teiin! — uma voz gritou do amontoado de pessoas. Quando o homem virou para olhar, Kavik tinha se libertado de sua mão e juntou—se à aglomeração.

 

Ele lutou pelo caminho no meio da multidão que se movia, nadando paralelamente à correnteza e deu uma olhada rápida ao santuário. Os degraus de pedra de Gidu subiam quatro metros e meio no ar e culminavam num salão de telhado duplo onde os ricos poderiam prestar respeito aos seus ancestrais e deixar oferendas aos espíritos. Shang Teiin, um homem magro, mas saudável, de sessenta anos, emergiu do topo da pequena ilha sagrada e desdenhou com aversão as pessoas impedindo sua passagem.

 

— Trapaceiro! Fraude!

 

— Nos pague o que deve!

 

Os gritos raivosos pareciam incomodar Teiin tanto quanto as folhas caindo. Ele respirou fundo pelo seu nariz e o coração de Kavik disparou. Essa não era a expressão de um homem emboscado. Essa era a expressão de um homem prestes a atacar.

 

O Shang deu um sinal com seus dedos e um esquadrão de homens emergiu do templo atrás dele. Cabeceadores durões e contratados esperando. Fosse por meio de propinas, traições ou contratando seus próprios espiões, Teiin soube da manifestação e preparou antecipadamente seu contra-ataque.

 

Os brutamontes contratados desceram os degraus e bateram nas fileiras da frente da multidão. A gritaria começou e Kavik puxou seu capuz o mais para baixo que podia. Ele desviou—se de cotovelos, girou em seus calcanhares e empurrou pessoas por trás dele quando precisava, até que chegou no limite da praça.

 

Ele tentou evitar olhar para trás. A luta pioraria somente até certo ponto. Sim, haveria socos — e ele assumia que os capangas de Teiin provavelmente tinham vigor e cassetetes escondidos nas suas mangas, mas não passaria disso. Qualquer dominação, serviria apenas para machucados leves. Ninguém em Bin—Er, Shang ou não, queria trazer à cidade a lei do Reino da Terra, por cometer algum crime capital.

 

O incidente não tinha nada a ver com ele. Tirando o fato de que Kavik era o mensageiro que invadiu o Templo Gidu na semana anterior para copiar a lista de reservas, em primeiro lugar. Se ele não tivesse aceitado o trabalho, alguém o teria aceitado.

 

“Vai ficar tudo bem”, ele disse a si mesmo, por cima do coro de violência atrás dele.

 


 

Somente dois quarteirões longe da praça, já havia paz. Sem distúrbios, sem sinais de luta. Somente a quietude abafada do dia terminando. Em Bin—Er, uma caminhada rápida poderia levar a outro reino, completamente diferente.

 

Kavik passou por homens e mulheres enchendo a rua, saindo de escritórios de expedição. Eles não olharam nem para esquerda, nem para direita, para reparar as vendas que serviam refeições apenas ao meio—dia vazias, as lojas fechadas providenciando papel e pincéis vendidos em fardos, as casas de leilões onde os preços de tecidos e porcelanas de todas as Quatro Nações eram decididos. Eles só olhavam para frente, para suas camas.

 

Eles souberam da briga na praça, e, por isso, eles simplesmente deram a volta ao redor dela. Da mesma maneira que você pegaria outro caminho para evitar um vagão descarrilhado. Um tumulto inconveniente, sem sombra de dúvidas. Tumulto que ocorria cada vez mais frequentemente em Bin—Er, mas esse é o preço de fazer negócios, não?

 

Kavik saiu da rua principal em direção a uma viela. Ele não sabia quem seria o comprador da informação do templo. Esse era o ponto de usar um intermediário como Qiu, para manter ambos os lados anônimos. Kavik assumiu que era simplesmente outro Shang que queria uma vantagem sobre um rival — como é a maioria dos negócios para mensageiros em Bin—Er.

 

Ele chegou à casa que ele deveria invadir.

 

A Mansão Azul ficava bem no limite do território dos Shang. Além dela, não havia nada além de uma vastidão a céu aberto, bifurcado pela fronteira do Reino da Terra, propriamente dito. Ele podia ver um brilho de lanterna das estações dos guardas, à distância.

 

Os agentes do Rei da Terra supostamente deveriam estar em alerta máximo por todo o continente, depois do rebuliço mais recente de Sua Majestade, em Ba Sing Se. Qiu jurava que todas as muralhas do Círculo Interno deveriam ser pintadas com todos os traidores bem-nascidos e os últimos espiões a serem expurgados do tribunal. Pintado não com o sangue, mas com as pessoas mesmo. Eles conseguiram jogar conspiradores o suficiente por cima das muralhas, para conseguir uma boa e igual cobertura.

 

Para um intermediário que precisava negociar informações de qualidade, Qiu acreditava nas histórias mais burras. Mas, mesmo assim, Kavik sabia que era ruim para sua saúde estar envolvido numa rixa nacional. Seu trabalho favorecia completamente o lado dos Shang, e, por isso, ele estava grato.

 

Ele fez de cobertura uma cabana de paisagismo que provavelmente foi usada por apenas um mês, ao longo de todo o ano. Quando viu que seu caminho estava limpo, disparou através do terreno aberto e se pressionou contra a parede certa. A corrida causou um arrepio que podia sentir em seu rosto descoberto. Diferentemente dos vizinhos construídos com tijolo e madeira, a Mansão Azul era feita quase que inteiramente de gelo.

 

Kavik torceu o nariz, tentando afastar a coceira de muitas irritações ao mesmo tempo. A Mansão Azul era a ideia de alguém para uma grande residência polar, que falhou ao imitar as tradições arquitetônicas de Agna Qel’a. A extravagante casa de hóspedes era muito quadrada, muito robusta, construída sem consideração no movimento natural de derretimento e junção de neve. Ele sabia que iria requerer a contratação regular de dominadores de Água para reformar e gelar novamente as paredes.

 

“Desculpe, meus amigos”, Kavik pensou. “Pelo menos, eu estou dando para vocês mais trabalho”.

 

Ele derramou sua jaqueta, enrolou—a cuidadosamente e a colocou na sombra para que permanecesse seca. Abraçado pelo frio e arrependimento, ele fez um gesto que lembrava um mergulho de um nadador, derretendo uma alcova no canto do prédio. Kavik entrou.

 

Um caixão de gelo brilhou ao seu redor. Ele era um estranho pássaro apertado dentro de um estranho ovo. Ele não poderia fazer a câmara nem um pouco maior, se não correria o risco de chocar prematuramente nos corredores.

 

Agora vinha a parte difícil. Com pequenos movimentos de dominação, ele transformou o gelo acima de sua cabeça em água e cuidadosamente — cuidadosamente — a fez escorrer pela superfície à sua frente. Antes de o gotejamento molhar seus pés, Kavik se pressionou para cima, usando as paredes à sua esquerda e direita. Uma vez que suas pernas atingiram certa elevação, ele congelou a poça embaixo dele em um chão sólido

 

Quinze centímetros. A complexa série de etapas que lhe tomou semanas de treinamento o elevou aproximadamente quinze centímetros. Agora ele teria que repetir o processo de novo e de novo até alcançar o terceiro andar.

 

Um observador talvez se perguntaria o porquê de ele não ter ido mais rápido, afinal era só se molhar. Um observador poderia ficar calado e voltar para o centro do mundo, onde era quente e seco. Daquela maneira, se Kavik estivesse perfeitamente seco, ele teria algo em torno de trinta minutos antes da morte por hipotermia. Se a água congelada chegasse nele, ele estaria incapacitado em menos de cinco.

 

Ele meticulosamente ergueu—se pelo do canto do prédio, fechando o túnel atrás dele. Talvez um dominador de água mais habilidoso, Kalyaan, o Grande, por exemplo, poderia ter fluído através do gelo sólido sem impedimentos. Kavik, o Não-Tão-Grande, tinha que riscar, com dificuldade, seu caminho e ainda precisaria curar as queimaduras de frio em suas mãos assim que terminasse.

 

As paredes da Mansão Azul eram intencionalmente opacas, para privacidade. Mas não tinham uma cobertura perfeita. Enquanto que os cantos ofereciam um gelo mais grosso para se esconder, se alguém passasse perto o suficiente, poderia notar sua presença. Ele podia ouvir vozes misturadas na direção do centro do térreo, algum tipo de reunião que Qiu disse que serviria de distração.

 

Funcionou bem o suficiente. Ninguém passou pelo seu canto, e Kavik ascendeu pelo primeiro andar sem problemas. Ele pausou para respirar, se agachando na parte mais grossa do gelo que fazia o teto do primeiro andar e o chão do segundo, e deixou mais fina uma parte do gelo acima para continuar subindo ao próximo andar.

 

Desta vez, havia pessoas nos corredores exteriores. Com a escuridão da noite em suas costas, e com a luz de lâmpadas de óleo de dentro, ele tinha uma pequena vantagem de visão. Ele podia ver por volta de quatro ou cinco vultos completamente parados, sem falar. Eles estavam enfileirados esperando por algo?

 

De repente, um par se separou, trotando em sincronia pelo corredor, nenhum mais rápido do que o outro. Kavik teria batido sua cabeça contra uma pequena câmara, se ele não tivesse medo que se quebrasse. Aqueles não eram simples convidados ociosos, eram guardas.

 

Qiu, seu macaco-javali maldito. Disseram a Kavik que o trabalho era uma coleta fácil de um burocrata que estava visitando, e que não haveria nenhuma segurança. Agora ele estava preso entre o céu e a terra, congelando sua espinha e a centímetros de soldados reais — e não capangas como os pagos por Teiin.

 

Ele tinha que esperar até que eles tivessem ido embora, antes de arriscarem um novo movimento. E Kavik tinha que escolher uma direção. Para cima e ele correria o maior risco para um mensageiro. Se fosse para baixo, perderia todo o trabalho que se dedicou por meses.

 

Kavik foi forçado a queimar mais do limite de tempo que seu corpo aguentaria, sentado ali, contando as rotações dos guardas, esperando uma oportunidade para agir. Seus dentes começaram a bater. Com força. “Quando o próximo par sair. Não esse par. O próximo.”, pensou.

 

Assim que as costas dos guardas se viraram, Kavik retomou sua escalada. Em seu melhor palpite, ele agora precisava se mover duas vezes mais rápido do que ele estava preparado.

 

Gotas frias escorreram pela sua nuca. Suor já seria ruim o bastante, mas isso tinha escorrido do gelo. A água descongelada o fez querer gritar. Ele não tinha escolha, a não ser aguentar. Os guardas estariam retornando agora, e ele estava somente no primeiro terço de sua subida.

 

Kavik acelerou o passo e ficou mais úmido, pelo esforço. Para piorar a situação, o brilho de uma lâmpada de mão fez uma curva, alguém que ele não tinha previsto. Um empregado buscando água ou um lanche.

 

O pensamento de ser pego por algo tão estúpido era demais para suportar. Kavik moveu-se para cima, jogando a precaução pela janela, exatamente do jeito que se prometeu que não faria. Quando a pessoa que segurava a lâmpada passou por debaixo dele, seus joelhos pressionaram seu queixo, encharcados.

 

Ele poderia muito bem ter mergulhado de cabeça na narina de uma foca—tartaruga. Não havia espaço suficiente para ele se secar, usando movimentos normais de dominação de água. Em menos de um minuto, seus músculos iriam parar de se mover e então qualquer tipo de morte estaria disponível para leva-lo. Congelar efetivamente, sufocar. O chão abaixo de seus pés poderia ceder e ele cairia três andares.

 

Ele precisava ficar seco e quente imediatamente, e o lugar mais próximo que ele conseguia pensar era o quarto que ele estava tentando invadir. Não havia outra escolha. Se os ocupantes estivessem dentro, ele se deixaria depender de sua piedade, ao menos estaria longe do frio.

 

Com uma explosão de desespero, Kavik elevou suas mãos e derreteu uma pequena porta. Ele se contorceu para atravessar pela abertura e caiu no terceiro andar como um peixe fora d’água, ofegante e buscando por ar.

 

A primeira coisa que ele fez foi tirar a água de seu corpo como se fosse uma nuvem de pernilongo-sanguessugas. Ele viu uma lâmpada de óleo grande do outro lado do quarto e se arrastou até lá com seus calcanhares, esperando poder chegar perto o suficiente antes de desmaiar. Kavik não tinha nenhuma outra preocupação, a não ser o calor. Nesse ponto, se ele fosse pego, então que assim seja.

 

Mas, com o primeiro pedacinho de sorte que teve a noite inteira, ninguém interrompeu sua luta pela sobrevivência. O quarto estava vazio. O destino permitiu que a gigante lâmpada de esteatita fizesse seu trabalho, e o sangue lentamente voltou às extremidades de Kavik. Uma vez que ele tinha a força para erguer sua cabeça, ele olhou ao redor.

 

Ele estava no quarto mais elegante da Mansão Azul, isso estava claro. Suntuosos móveis de madeira colhidos e moldados a partir de árvores continentais. Paredes protegidas com tapetes de lã estrangeira. Plantas decorativas que com certeza teriam perecido no instante que sairiam do santuário deste andar. Nenhuma pele, no entanto, estranhamente. Nem um pedaço, mesmo quando couros e peles desejáveis eram uma das mercadorias principais de Bin-Er.

 

Uma placa gigante com facas de obsidiana em cima da mesa chamou a atenção de seus olhos. Ela segurava uma bagunçada pilha de livros e pergaminhos, pilhas de correspondências. Era para isso que Qiu o enviou. Informação. Mais valiosa que ouro em Bin-Er, se viesse de certas pessoas — e esse quarto magnífico indicava que o ocupante era definitivamente o tipo certo de pessoa.

 

Kavik levantou e cambaleou até a mesa, pousando a mão nela para apoio. Suas ordens eram de encontrar um caminho até o quarto e memorizar tudo que parecesse importante. Seu cérebro, no entanto, mal estava funcionando e havia tantos tesouros em potencial naquele lugar. O documento certo poderia valer cem vezes mais que seus vizinhos.

 

Devia mesmo era começar com os que já estavam sendo usados. Um pergaminho grande estava estendido, com suas pontas embaixo de livros. Um tipo de planta baixa. Ele não conseguia ler as anotações, por isso, cuidadosamente, ele removeu os pesos, percebendo como eles estavam apoiados, para que conseguisse recoloca-los, depois, e então segurou o papel contra a luz.

 

A porta abriu. Ele abaixou o pergaminho. Uma garota, por volta de dezesseis ou dezessete anos como ele, entrou no quarto com seus olhos fechados.

 

Ela usava diversas camadas de robes laranja e amarelo e uma toalha úmida pendurada em seus ombros. Ela agitou sua mão sob seu rosto e o movimento fez seu longo cabelo negro flutuar atrás dela, assoprado por um vento invisível. Havia um pequeno corte na sua testa, mais alto do ponto em que sua linha de cabelo estaria normalmente. A vermelhidão se destacou na longa flecha azul tatuada em seu couro cabeludo.

 

Ela deve ter se cortado ao raspar o cabelo, Kavik pensou. Uma nômade do ar. Por quê uma nômade do ar estaria na Mansão Azul, que normalmente era reservada para…

 

Ah não.

 

Ah não.

 

A garota abriu seus olhos. Eles se arregalaram um pouco quando viram Kavik, mas não muito. Ela parou de secar seu cabelo e olhou para o pergaminho nas mãos dele.

 

— Por favor, não pegue isso. — Ela disse — ainda não terminei de estuda-lo.

 

Kavik engoliu em seco. Se ele pudesse abrir sua boca para falar, ele poderia até rezar para a Lua e o Oceano para que isso não estivesse realmente acontecendo e que estava imaginando tudo na sua cabeça. Mas o único ser humano que poderia interceder por ele com os espíritos era exatamente a pessoa que ele teria que roubar. Ela poderia destruir seus pedidos, deixando-o com somente uma casca abandonada sem sorte.

 

Ele devolveu o pergaminho a ela. Não havia muito que ele podia fazer.

 

— Obrigada — disse o Avatar Yangchen, enquanto ela tomava o papel em suas mãos. — Você pode querer cobrir seus ouvidos agora. Já me disseram que eu posso gritar bem alto.

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Capítulo 3