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A Aurora de Yangchen: Últimas Chances

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A Rainha de Omashu era um pesado junco de cinco mastros, construído para aguentar velocidade. Kalyaan colocou Kavik a bordo passando-o como um dos companheiros de carga autorizados, um membro da tripulação responsável pelo transporte seguro de uma remessa separada. Kavik não entendia como uma identidade pode passar na inspeção de um capitão do porto tão rapidamente, mesmo para um “chefão”, até que ele percebeu que Kalyaan já havia preparado este disfarce há muito tempo. Justamente para ele. Kavik estava usando o jeito de seu irmão para voltar para casa.

 

— Estou mandando você de volta para Bin-Er no mesmo navio que a Unanimidade — Kalyaan havia dito. — Henshe está partindo mais cedo em uma embarcação mais rápida e estará esperando o desembarque. Ele tem que obtê-lo sem problemas, entendeu? Eu não estou seguro até que ele o faça. Depois, eu quero que você vá para casa e cuide da mãe e do pai. Se a equipe do Avatar bisbilhotar, eu vou deixar um rastro que torna plausível que você foi mandado embora pela Associação. — As luzes em seus olhos dançavam mais rápido do que nunca. — Os próximos dias podem ser… importantes. E eu preferiria que você estivesse por perto para proteger nossa família, caso as coisas não saiam conforme o planejado.

 

Uma vez que a viagem tenha iniciado, Kavik quase se quebrou em risos. Ele ainda não sabia o que era Unanimidade, talvez nunca saberia. Ele permaneceria no escuro para sempre, vagando sem luz alguma.

 

Mais abaixo do convés, era dolorosamente óbvio que três grandes caixas entre as muitas, cada uma da altura de sua cabeça, continham os pertences que o Avatar estava procurando por esse tempo todo. O que ele poderia dizer? Dois homens e uma mulher nunca saíram dos lados dos contêineres. Eles levaram suas refeições sozinhos e dormiam em turnos. Eles eram altos e poderosos. Com base em seus olhos dourados, Kavik assumiu que todos os três eram a Nação do Fogo.

 

Eles podem ser dominadores, visto que não carregavam armas, novamente, ele duvidou da sabedoria de lançar chamas dentro de um navio de madeira.

 

Seu tamanho por si só os teria levado a muitas lutas. Kavik tentou alguma conversa fiada quando os outros membros da tripulação não estavam ao redor, se ofereceu para ser aquele que lhes trouxe comida da cozinha — eles comiam grandes quantidades, bateriam facilmente as rações dos membros da outra tripulação. Mas toda essa ferocidade estava de boca fechada. O nome da mulher era Yingsu, o homem barbudo era Xiaoyun, e o cara com orelhas compridas era Thapa.

 

Eles não queriam jogar com Kavik como quarto.

 


 

Ele observou as margens de Bin-Er se aproximarem pela segunda vez em sua vida.

 

Durante a primeira, o porto parecera tão vasto, uma abertura escancarada se alimentando.

 

Mas agora ele estava vindo para o continente com um ponto de vista diferente. De um navio maior. E do convés superior, bem acima da linha d’água, Kavik notou sinais de problemas antes de chegarem perto o suficiente para baixar a âncora.

 

Vários píeres na outra extremidade tinham queimado até seus postes, enegrecidos tocos saindo da água. Portas de armazém que normalmente são mantidos abertos durante o dia, foram fechados. Homens com porretes patrulhavam as docas, o seguiram com os olhos cautelosamente enquanto passavam.

 

Os Shangs devem ter gostado das táticas de Teiin no Santuário Gidu e contratado mais pessoas. Eles estão apenas se equiparando ao nível de Chaisee, ele pensou.

 

O Rainha de Omashu foi atracado por mãos experientes se movendo em torno de Kavik, que era apenas uma pedra no rio neste momento. Guindastes e guinchos foram rapidamente montados para alcançar o convés e retirar a carga do porão. Ele se esgueirou rapidamente seguindo seu caminho, concentrando sua atenção além dos armazéns. Houveram impasses durante o trajeto pelas avenidas que saiam do cais, grupos de homens e mulheres gritando xingamentos, correntes de pessoas de braços dados, mercadorias quebradas espalhadas pelo chão, como se as mercadorias tivessem sido emboscadas e destruídas em suas rotas mais profundas na cidade.

 

O que aconteceu enquanto eu estava fora? ele se perguntou. Mas então percebeu que sua surpresa era infundada. Ele conhecia muito bem as feridas de Bin-Er escondidas sob suas bandagens, e elas começaram a apodrecer.

 

Uma equipe de capitães do porto embarcou para verificar as autorizações. Esta chegada tinha que ser tão limpa quanto os pratos na mesa do Rei da Terra. O disfarce de Kavik, ou melhor, de Kalyaan, funcionou perfeitamente, e os inspetores não prestaram muita atenção.

 

Ele viu Zongdu Henshe esperando na área de descarga por seu prêmio. Kavik o tinha visto em eventos públicos ao redor de Bin-Er; os rumores pelas ruas eram que Henshe era basicamente o cachorrinho dos Shangs. Mas importava quão temível era sua reputação, quando ele efetivamente manteve Kalyaan como refém? Kavik cerrou os dentes e se manteve fora da linha de visão de Henshe.

 

Os três guardas enormes, envoltos em casacos volumosos, desceram a prancha para que pudessem ver os pertences pousarem em terra firme. Fizeram um cordão de isolamento em torno da área de descarga por precaução. Henshe se aproximou, mas não se dirigiu a eles.

 

A estrutura elevada que liga o navio ao cais foi concluída. O primeiro caixote da Unanimidade saiu do porão, precisando da força de vários homens puxando as cordas do guincho, mastros de madeira gemendo enquanto a caixa levitava debaixo deles, cruzando do navio para a costa. Kavik prendeu a respiração quando os caixotes desceram. A etapa final da viagem.

 

E então uma pequena chama disparou acima de sua cabeça. Menos do que uma vela. Se ele não soubesse melhor, ele teria acreditado que veio dos dedos de Yingsu, enquanto todos olhavam para outro lugar. Ele se virou para ver uma queimadura chamuscada e brilhante comendo mais fundo na corda. A carga estremecia com cada fio que cedia.

 

— Retornem! — ele e várias pessoas gritaram ao mesmo tempo. Houveram inúmeros esforços para limpar a área de imediato, mas não para salvar a carga. A corda estalou, e a Unanimidade, caiu no chão.

 

Quando a poeira baixou, Kavik enfiou a cabeça por cima do trilho. Os homens de Shang estavam em movimento, gritando e empurrando os estivadores assustados, exigindo saber de onde tinha vindo o fogo. A caixa foi destruída, seu conteúdo empilhado nas docas. Kavik olhou em choque para o grande segredo, exposto para todos verem.

 

Unanimidade. . . era uma pilha de rochas. Sem qualquer etiqueta, para ser preciso.

 

— Isso não podia—como— Kavik procurou por Henshe na multidão. O zongdu de Bin-Er já estava indo embora com os três guardas de embarque a reboque, usando a distração para evitar qualquer aviso adicional dos capitães do porto. Eles viraram a esquina de um armazém e desapareceram.

 


 

Você estava tão perto do diário de bordo, foi o que Kalyaan disse.

 

As remessas devem ser escoltadas por membros específicos da tripulação durante a viagem, nomeados de antemão, foi o que o Avatar havia dito.

 

Henshe não se importava com os bens físicos. Ele só precisava que uma determinada entrega ocorresse, porque ele precisava das pessoas que haviam sido liberadas para viajar com ele de Jonduri para Bin-Er. Elas eram a carga. Elas eram a Unanimidade.

 

Kavik gritou, incoerente, nenhuma intenção de formar quaisquer palavras. A voz dele se perdeu no barulho. Ele desceu a prancha e se abaixou em meio as brigas até chegar ao ponto em que perdeu de vista de Henshe e os outros três.

 

Mas já era tarde demais. Eles se foram.

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Chapter 34