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A Aurora de Yangchen: Reconciliação

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Kavik sentou em seu quarto sozinho e esperou.

 

Ele não deveria estar tão assustado quanto estava pela segurança do Avatar. Todos os três membros da Unanimidade haviam sido pegos. A única força no mundo que poderia desafiar seu poder em um nível individual tinha sido cuidada.

 

E, no entanto, quando o bateram em sua porta e Yangchen apareceu, ele ficou mais aliviado do que nunca em sua vida. Ele claramente não foi moldado para organizar missões, onde tinha que se preocupar e esperar que a ação tivesse ocorrido bem.

 

— Posso entrar? — Ela perguntou. Ele a deixou sentar em sua cama novamente. Ela estava usando a mesma roupa que usou na Casa de Chá Amora Dourada. — Pedi aos seus pais que saíssem de casa por um tempo. — Disse ela. — Tive que inventar uma desculpa para me vestir assim.

 

— Sem peruca? — Ela estava confiando apenas em seu capuz para cobrir as tatuagens.

 

— Sem peruca. — A conversa deles era tensa. Até agora eles tinham sido capazes de falar apenas sobre a missão, localizar os Dominadores de Fogo, descobrir como atacar de forma rápida, e derrubá-los. Até então.

 

Eles poderiam começar pelo mais fácil, um tópico óbvio.

 

— Jujinta. — Disse Yangchen.

 

— Jujinta. — Ecoou Kavik, concordando. Yangchen esfregou o rosto.

 

— Um recrutamento arriscado. — Ela disse. — Porém, um sucesso. Você viu o potencial dele. Você avaliou seu estado de espírito, suas vulnerabilidades e a probabilidade de ele ser convencido a agir contra suas lealdades anteriores.

 

— Eu o transformei. — Não havia orgulho na declaração de Kavik. Manipular Jujinta tirando vantagem de seus problemas certamente estava na sua lista de atos horríveis. Mas na situação, seu parceiro era o único meio que ele conseguia pensar  para entregar uma mensagem a Yangchen sem deixar rastro para a associação de Chaisee. Eles não estavam vigiando Jujinta e não tinham razões para suspeitar dele de nada.

 

— Bem, eu tenho um novo companheiro agora. — Disse Yangchen. — Quer eu queira ou não.

 

A presença de Jujinta, junto com Akuudan e Tayagum, significava que Yangchen havia voltado para Jonduri primeiro. Lá, a única coisa que ela fez foi partir para Bin-Er o mais rápido possível. Ela teria deduzido que o carregamento da Unanimidade havia passado por eles e Kavik teria parecido que estava heroicamente fazendo o melhor que podia para a Avatar em circunstâncias terríveis.

— Onde estão os outros. —  Ele perguntou. — Onde está todo mundo?

 

— Eles estão seguros. — Foi tudo o que ela disse. Ele sentiu a roda girando para sua inexorável posição final.

 

— Também enviei uma mensagem para porto Tuugaq para você. Eu não sabia em qual cidade você estaria. Eu tinha que cobrir ambas as possibilidades. — Yangchen colocou a mão dentro das vestes e tirou um pequeno cilindro de madeira. Ela o segurou entre o polegar e o indicador, como uma pílula de boticário que se espalharia e borbulharia se caísse na água. O selo sobre ele havia sido quebrado.

 

— Eu deixei porto Tuugaq antes que chegasse, pensando que nós dois estávamos simplesmente errados sobre o Raio de Sol. — Ela disse. — Seu dedo ficou tenso sobre o cilindro, sua unha embranquecendo sob a tensão. — A única razão pela qual eu sei o que está nesta mensagem agora é porque o falcão que você enviou retornou a Bin-Er depois que eu não estava lá para recebê-lo em porto Tuugaq.

 

 — Fico feliz que sabe. — Disse Kavik, com uma dor na garganta. — A mensagem que ela segurava, a que ele havia enviado com a ajuda de Boma, continha informações adicionais que ele aprendera depois de deixar Jonduri. Ele dizia que a Unanimidade eram três pessoas, Dominadores de Fogo, e deu suas descrições no caso de Kavik não conseguir fazer contato novamente com Yangchen pessoalmente.

 

Também continha uma confissão de que Kavik a tinha traído.

 

Ele se queimou. Ele contou a Yangchen sobre seu irmão. Contou a ela tudo o que Kalyaan lhe disse. Ele tinha escrito em letras pequenas.

 

— Você não precisava ter enviado essa mensagem. — Disse Yangchen com a voz embargada. — Você poderia ter deixado a situação se desenrolar. Eu nunca teria descoberto que você tinha se virado contra mim, e ainda teríamos derrubado a Unanimidade em Bin-Er, juntos. —  Ela estava errada sobre isso. Mais do que tudo, Kavik tinha que colocar sua traição por escrito e ter certeza de que não poderia voltar atrás. Ele não confiava em si mesmo para confessar pessoalmente. Queria uma consciência limpa e agarrou o que tinha na primeira oportunidade.

 

— Há quanto tempo você leu?

 

— Estava esperando por mim quando me juntei a Boma. — Então ela estava fingindo que estava tudo bem entre eles durante a caça aos Dominadores de Fogo. Por causa da missão, ela manteve a farsa.

 

— E quanto aos outros? — Seus olhos ardiam. — Você contou a eles?

 

— Você quer que eu conte?

 

— Sim. — Ele achou fácil de dizer. Ele os colocara em risco com suas mentiras. Eles mereciam saber a verdade. Yangchen estremeceu como se estivesse lutando para conter uma explosão.

 

— Eu preciso que entenda uma coisa. Quando você escolheu ficar do lado do seu irmão ao invés do meu, jogou fora nossa chance de impedir que a Unanimidade chegasse a Bin-Er, você liberou o pior tipo de informação possível. Você criou uma ondulação que não pode ser suavizada.

 

Não importava que Kavik não soubesse o que era a Unanimidade no momento em que se virou contra ela. Ele deveria ter aceitado a palavra da Avatar ao invés da de Kalyaan.

 

— Um homem pequeno como Zongdu Henshe fez isso com sua própria cidade por dinheiro. — Disse Yangchen. — Eu suponho que deveria estar agradecida por ele e Chaisee não terem nenhuma lealdade além de si mesmos. Se alguém como o Rei da Terra pusesse suas mãos nisso… — Ela balançou a cabeça e respirou fundo. — Por detrás das portas, os líderes das Quatro Nações ainda estão presos na garganta uns dos outros, tensões prestes a se incendiarem pela menor faísca. Se eles soubessem que algum ser humano além do Avatar pudesse ter um poder tão imenso, eles fariam de tudo para controlá-lo. O mundo por si só poderia entrar em combustão. — Kavik colocou o polegar na balança. Kalyann ficaria orgulhoso.

 

— Eu entendo. — Disse ele. Não havia coragem suficiente no universo para montar um pedido de desculpas. Yangchen puxou os joelhos contra o peito como havia feito eras atrás, em uma época diferente. Ela se balançou como se tentasse encontrar consolo onde ninguém mais poderia dar.

 

— Sabe qual é a pior parte disso? — ela parou, reunindo pensamentos. Certamente, ela teve dificuldade em escolher entre tantas partes ruins. — No momento em que você decidiu ser honesto, uma parte de mim sabia que você não foi obrigado. Minha voz interior está dizendo que você não tinha segundas intenções, que estava simplesmente sendo honesto comigo pela primeira vez. — Ela limpou a garganta. — E eu não posso me dar ao luxo de ouvir essa voz. Há uma chance de você ainda estar me manipulando. Você só pode ter me contado sobre seu irmão porque quer minha ajuda para tirá-lo da organização de Chaise.

 

Kavik realmente não tinha pensado nisso. Ela estava um passo à frente dele, jogando os dois turnos. Não havia como ele refutar sua acusação, dados os fatos. Yangchen estava certa. Kalyaan havia evitado a ameaça de Henshe, mas ao custo de agir contra os interesses de Chaise. Era apenas uma questão de tempo até que a Zongdu de Jonduri descobrisse o que Kalyaan havia feito, e então sua sorte anteriormente invencível acabaria. O irmão de Kavik estava em mais perigo do que jamais esteve, a menos que o Avatar pudesse salvá-lo.

 

Kavik não havia visto a espiral lógica, mas Yangchen tinha. E ela foi forçada a lhe dar crédito, quando ele não queria nenhum.

 

— Eu não posso mais aceitar você como alguém de valor. — Ela disse. — Você me negou esse luxo. Eu não posso nem confiar na sua confissão, Kavik. — Novamente, ele entendeu. E, no entanto, as perguntas saíram rapidamente de sua boca de qualquer maneira, como se ele estivesse tentando testar uma barreira em busca de rachaduras.

 

— O que você vai fazer com os Dominadores de Fogo?

 

— Eu não acho que deve saber mais sobre isso.

 

— E sobre Henshe e Chaisee? O que vai acontecer com eles?

 

— Não lhe cabe saber.

 

— O que você vai fazer comigo? — Aqui, ela demorou mais para responder, e quando o fez, seus olhos estavam secos. Sua voz contida e clara.

 

— O que eu vou fazer com você? Ainda não tenho certeza. Mas você não precisa se preocupar. Com a quantidade de informação que você tem e todas as maneiras pelas quais você está relacionado, você é mais valioso do que nunca.

 

No dia em que Kavik conheceu a Avatar, ele explicou o mantra sobre o qual Bin-Er operava. Você não vale nada até que alguém decida que vale. Ela tinha ficado realmente chateada, até seu âmago. Então, mais tarde, quando eles estavam discutindo seu pagamento em passes de saída, ela quase recusou o acordo, simplesmente porque ela estava desconfortável com a ideia de usá-lo.

 

E agora, ela falava como se ele fosse grão o moinho. Como se a parte mais gentil, feroz e generosa dela tivesse se quebrado completamente.

 

— Eu cometi um erro ao confiar em você Kavik. — Disse Yangchen. — Você não é um dos meus companheiros. — Ela se levantou da cama e endireitou os ombros. — Mas você ainda por ser um dos meus ativos.

 

Eu devo recusar, pois assuntos espirituais me chamam em outro lugar.

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Capítulo 38