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A Aurora de Yangchen: A Proposta

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Kavik fez o que havia esquecido de fazer no começo da conversa e deu uma olhada pela brecha da porta para ver se seus pais estavam espiando. Não estavam. É claro que eles respeitariam a privacidade do Avatar mais que a deles mesmos.

 

Ele fechou a porta novamente e se apoiou contra ela, forçado a ficar no canto de seu próprio quarto devido a presença invasora.

   —  Se vai me castigar, apenas faça e acabe logo com isso.

 

  — Eu não vou entregar você pra ninguém. — Disse Yangchen — Isso aqui é um recrutamento. Eu quero suas habilidades numa causa mais nobre. — Ela deu uma pausa e esclareceu — Eu. Eu sou a nobre causa.

 

  — Você… quer que eu consiga informações pra você? — Esta era uma líder mundial que estava falando, não um corretor de baixa renda como Qiu. — Porque?

 

   — Porque eu não posso consegui-las sozinha. Para ser um Avatar eficiente, preciso estar informada para tomar decisões. Boas decisões necessitam de boas informações. E a informação que recebo pelos meus então chamados conselheiros e companheiros… é fraca.

 

Ela percebeu que ele estava confuso. — Pense dessa maneira. —  Ela disse. — Eu sou provavelmente a pessoa mais vigiada e escrutinada das Quatro Nações. Todos os solicitantes enviados a mim pelos líderes do mundo, ministros, diplomatas, conselheiros, sábios? Eles são espiões na maioria das vezes. Espiões relatando sobre mim para seus verdadeiros mestres. Houve casos de minhas decisões vazarem antes mesmo de eu anunciá-las, meus movimentos antecipados antes mesmo que alguém pudesse adivinhar, e foram aumentados com falsidades até estourar.

 

Ela abraçou seus joelhos novamente e balançou os pés para frente e para trás. — Então, quando eu estiver livre, vou continuar com a tradição. Eu atendo a reuniões. Eu apresento as cerimônias. Mas quando eu precisar coletar informações ou agir em segredo, sem as armadilhas oficiais me atrapalhando, eu faço isso fora de vista, com a ajuda de um pequeno número de pessoas associadas que eu sei que não estão comprometidas. É aí que você entra.

 

Essa não era a mesma pessoa que Kavik havia surpreendido no quarto, a Monja gentil que curou seu rosto. Ele poderia estar falando com um nativo de Bin-Er nesse momento. Um dos jovens astutos que pensavam tudo em relação a negócios. Até o jeito que ela juntou suas palavras foi mais esperta que uma mulher sábia.

 

— Você poderia ter qualquer pessoa no mundo para trabalhar pra você. — Disse Kavik. — Porque você me escolheria? Você não me conhece. Nós não temos nenhuma conexão.

 

— É exatamente por isso que quero de você. —  Disse Yangchen. — Bons candidatos não caem no meu colo com muita frequência. Você é de uma boa família, e não deve nada para ninguém, seja por dinheiro ou débito. Você é de nível muito baixo para chamar a atenção de alguém. Mas habilidoso o suficiente para ser útil.

 

— Nossa, obrigado.

 

— Eu não estou fazendo pouco caso de você. —  Disse Yangchen. — Eu realmente acreditei quando fingiu sobre não ter família. É muito raro hoje em dia que eu não consiga dizer quem está mentindo na minha cara. E você realmente tem talento. Você teria escapado dos guardas se eu não tivesse intervido pessoalmente. Duas vezes.

 

Kavik fechou os olhos. É claro. O Avatar é uma dominadora de água por natureza, foi ela quem o prendeu pelo pé. E também o puxou de volta para dentro da Mansão Azul com uma precisa dominação de ar. — Você tem outras pessoas trabalhando pra você?

 

  — Não tanto quanto gostaria. Normalmente eu tenho que usar amigos próximos, ou quem me deve favores, devotos fanáticos pelo Avatar. Eu preciso de mais ajuda. Servir ao mundo requer sangue novo. O que você diz?

 

Ele não precisou pensar muito a respeito. — Não. — Respondeu. — Obrigado pela proposta, mas não. Agradeço sua consideração. Não.

 

  — Oh, me desculpe. — Disse Yangchen sem rodeios. — Eu não quis dar a entender que você era tão especial. Você se encaixa perfeitamente na categoria dos que me devem. Eu salvei você da punição por seus crimes bem sérios. Não é todo Avatar na história que leva numa boa o roubo de inteligência tão levianamente quanto eu.

 

  — Você vai me chantagear?! — Ela não parecia muito insultada com a acusação.

 

 — Eu não colocaria dessa forma. Eu estou te dando a chance de fazer algo realmente bom e espero que aceite. As cidades Shang, Bin-Er, Jonduri, Taku, Porto Tuugaq são fontes de corrupção e sofrimento. Algumas delas são só mais óbvias que outras. Eu preciso de alguém como você que conheça esse tipo de ambiente para me ajudar a corrigir seus problemas. Pense nisso como fazer exatamente o tipo de serviço que anda fazendo, só que comigo como sua chefe.

 

Ela tamborilou os dedos na cabeceira da cama. — Mas você está certo. Não é justo de minha parte ameaçá-lo com a ideia de prisão. E você pega mais moscas-formigas com mel que com vinagre.

 

Yangchen se levantou de repente e apontou os dedos para Kavik. Uma rajada de vento do ponto de origem que deveria ser perto demais para existir o empurrou para o lado. Ela saiu de seu quarto sem esperar por ele.

 

 — Ei — Disse Kavik, seguindo seus passos.  — O que você… — O Avatar entrou novamente na sala principal. Os pais de Kavik olharam para cima de onde estavam sentados esperando.

 

 — Eu tenho um anúncio. — Yangchen disse a eles, orgulhosa como um Sifu graduando seu aluno. — Em reconhecimento de seu bom coração e coragem, eu ofereci ao seu filho a chance de se tornar um de meus companheiros oficiais, para ficar ao meu lado e me ajudar a manter o equilíbrio no mundo.

 

A mãe de Kavik gritou de alegria. Seu pai tentou dizer algo, mas virou o rosto para esconder as lágrimas de orgulho brotando em seus olhos. Companheiros do Avatar entram para os livros de história. Seu filho desocupado iria fazer grandeza dele mesmo. O sofrimento deles não havia sido em vão. Eles foram verdadeiramente, totalmente abençoados essa noite.

 

Kavik viu seus pais chorarem nos ombros um do outro de alegria. — Você é livre para recusar, é claro. — Sussurrou Yangchen pelo canto da boca. — Minha oferta de companhia é legítima. Você pode dizer não.

 

Como se ele ainda poderia viver aqui. Ela praticamente o empurrou de um penhasco. A cada soluço de seus pais o espírito de Kavik deixava seu corpo.

 

  — Eu te odeio. —  Ele murmurou.

 

  — Eu vou deixar você dormir com essa. — O Avatar respondeu.

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  1. pedra disse:

    Mente de negócios

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Capítulo 8