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A Aurora de Yangchen: A Exposição

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Por fim, tudo se resumiu ao rebaixamento: uma rejeição simplória.

 

Kavik já tinha começado a caçar Henshe e seus bens antes de Jujinta ter batido na porta, saindo de casa quando podia ser feito, fazendo seu melhor para não preocupar os seus pais. Uma vez que ele reuniu informações como o Avatar, o progresso veio rapidamente.

 

Ele conhecia os rostos dos Dominadores de Fogo. Yangchen poderia restringir em quais partes da cidade que eles provavelmente estavam com a base no padrão de explosões e seus limites de alcance, informações que ela descobriu em porto Tuugaq. Eles pediram ajuda de pessoas amedrontadas e que estavam escondidas em suas casas para tentar identificar de onde vinham os ruídos.

 

Uma certa noite, agindo cautelosamente, ele pode encontrar sorte em um trecho de uma rua que tinha uma quantidade numerosa de restaurantes da Nação do Fogo. Kavik viu Thapa entrando em um estabelecimento que estava fechado, mas ainda tinha fumaça saindo de sua chaminé. Ele conseguiu seguir o dominador de fogo de volta a um certo apartamento com vista para os arredores da cidade, onde ficou evidente que o homem que estava segurando sozinho esquadrões completos do exército do Reino da Terra.

 

Ao voltar para a  estalagem de Boma, ele dialogou com o conselho de Yangchen às pressas com o grupo que já estava reunido. Para sua própria segurança e como uma ajuda a mais, ela trouxe Tayagum, Akuudan e Jujinta consigo de Jonduri para Bin-Er. Apesar do bombardeio contínuo que assola a cidade, eles decidiram não se mudar imediatamente para Thapa.

 

Foi válido a paciência que tiveram. O próprio Henshe partiu do restaurante para a estação de Thapa. De lá, Kavik seguiu o Zongdu de Bin-er para dois outros locais da cidade. Ele esperou do lado de fora de um dos prédios, atrás de um escombros de um beco, até que ouviu uns estalos próximo e mal viu com seus olhos um fino rastro de fumaça saindo de uma janela que partia imediatamente por uma explosão ao longe.

 

Confirmou-se. Eles encontraram os dominadores de fogo que compunham a Unanimidade.

 

O maior desafio foi tentar derrubar os três o mais rápido possível do início ao fim.

 

— Eu só preciso chegar perto deles, — disse Yangchen sobre uma mapa de Bin-Er. Ela se recusou a explicar a razão de sua confiança fria. — O resto de vocês ficarão de vigia e responsáveis pela limpeza.

 

O primeiro ataque à posição de Xiaoyun foi executado sem problemas. Kavik já tinha se posicionado sob a posição do dominador de fogo para dar o sinal. Yangchen entrou sozinha e, como ela prometera, lidou com Xiaoyun com tanta eficiência que Akuudan e Tayagum só tiveram que pegar o homem já inconsciente.

 

Eles repetiram o processo para Thapa. Uma vantagem ainda maior, pois também foi rendido a eles, Henshe. Yangchen ainda não permitiria que ninguém testemunhasse como ela derrotou o dominador de fogo sem lutar.

 

Apreender o terceiro e o último membro da Unanimidade, entretanto, não ocorreu tão bem.

 

O chão debaixo de Kavik tremeu com o impacto da explosão dos dominadores de fogo. Ele se comprimiu atrás de uma pilha de escombros enquanto a terra e as pedras choviam sobre sua cabeça.

 

— Volte — ele ouviu Yangchen gritar do outro lado. — Você tem que voltar! Você ainda está dentro do alcance!

 

Ele sabia. O problema era que Yingsu parecia ser capaz de despertar uma técnica muito mais rápido do que os outros dois, e ele não tinha uma contagem precisa de tempo mínimo entre as detonações rápidas. Se ele saísse do esconderijo e fugisse, poderia ser pego em campo aberto.

 

Yingsu deduziu que algo aconteceu com seus companheiros dobradores só pela falta de som. Avisado, ele deixou seus aposentos e se moveu para um local alternativo — o salão de reunião Bin-Er, uma posição defensiva perfeita.  Kavik foi forçado a segui-lo rapidamente. Ele foi visto e separado dos outros no caos que se seguia.

 

Pelo menos eles não precisavam se preocupar com espectadores. Todo o bairro já havia fugido há muito tempo, mas havia um grande gramado ao redor do prédio e Yingsu havia derrubado qualquer obstáculo que impedisse sua linha de visão. Ela tinha várias janelas para mirar, e não eram localizadas de dentro, onde ela poderia se deslocar facilmente pela grande estrutura que tinha. Era impossível fazer uma abordagem.

 

Kavik observou o Avatar arremessar um grande pedaço da rua em uma seção da ala do quartel de onde o último rojão de fogo em formato de bola pode ter vindo. Ele adivinhou que ela estava tentando provocar Yingsu para explodir no ar, o que lhe daria uma chance de correr. Mas o dobrador de fogo entrincheirado não levou a isca. A pedra atravessou a parede e ficou sem resposta. Mesmo que tivesse sido bem mirado, ela provavelmente tinha saído do caminho e salvo seu tiro da culatra.

 

O que significava que eles estavam em um impasse. Kavik não se atreveu a fazer um som sequer no caso de revelar onde ele estava exatamente. Ele foi preso. Mas, o que é mais estranho, é aceitar suas circunstâncias. Ele não precisava entrar em pânico, a benção do Avatar o protegia.

Ele vai morrer” Pensou Yangchen. Kavik ia morrer fora de seu alcance, e ela ia ver isso acontecer. Ela desmoronou contra a parede meio arruinada da casa vazia atrás da qual estava se escondendo, cobrindo o rosto, e sua respiração na palma de suas mãos. A morte dele estaria nas costas dela, seria culpa dela.

 

— Tudo ficará bem. — ela olhou para cima para ver Jujinta olhar para ela.

 

Em seu retorno para Jonduri do porto Tuugaq. Nujian desviou sua rota de voo e seguiu para um local isolado onde um garoto desconhecido, não sendo Kavik, estava meditando e soprando seu apito de bisão a cada expiração. A surpresa de Yangchen foi imensa e a do menino também.

 

Nujian veio rugindo do céu para um campo vazio, pensando que o apito era para alguém que precisava ser resgatado. O impacto do Avatar aparecendo do nada durante suas meditações ressoou um alerta dentro de Jujinta, que se apresentou como amigos e Kavik. Depois que ele transmitiu uma simples mensagem de que Jonduri não estava seguro e Yangchen tinha que voltar para Bin-Er, seu rosto de pedra desmoronou e ele caiu aos pés dela chorando.

 

Ela teve que rapidamente improvisar e descobrir as intenções por trás das táticas de Kavik. Yangchen fez o papel de uma monge gentil e compassiva e levou Junjinta com ela, junto com seus mensageiros.

 

E agora que eles estavam, os parceiros mais velhos, as situações se reverteram. Jujinta a confrontava. Ele levou tudo de forma séria e bem feita.

 

— Nós, que servimos a você, não vamos decepcioná-lo, — disse Jujinta. Ela não era capaz de recusar sua declaração de eterna lealdade em Jonduri. — Veja, seus retornaram.

 

Das profundezas da cidade, Akuudan e Tayagum vieram correndo em direção a eles, ficando fora da vista do salão de reunião, porém com as cabeças abaixadas por muita cautela. Tayagum tinha uma longa e fina caixa de madeira em uma mão e um pacote de pele de foca na outra. Eles se abaixaram ao lado de Yangchen e Jujinta.

 

— Você trouxe o que eu te pedi? — disse Jujinta.

 

— Não foi fácil fazer isso em cima da hora. — Tayagum abriu a caixa em seguida. Ele e Akuudan também foram forçados a aceitar Jujinta rapidamente. Com Bin-Er em destroços fumegantes, ninguém ia recusar um novo aliado.

 

Dentro da caixa havia um arco não amarrado, e Jujinta estendeu a mão para ele, mas hesitou, fechando os olhos e flexionando os dedos como se o aperto ocorresse se ele o tocasse.

 

— Você está violando um juramento agora, não é? — perguntou Yangchen. — Um tabu. — Pelas memórias de uma de suas vidas passadas, ela entendeu o significado de seu nariz lavado, de seus rituais penitentes, e de seu exílio imposto por si.

 

— Isso é mais importante. — Jujinta superou suas reservas e pegou o arco. Em suas mãos a arma parecia ter uma vida nova, ou melhor, uma vida antiga no resto de seus corpo como uma planta murcha recebendo água após de seca.

 

Ele o amarrou habilmente e puxou a corda sem soltar várias vezes, só para testar o peso, usando o polegar apesar de não ter anel.

 

— Pinho de ferro — ele murmurou para si mesmo. — Fabricado da Tribo da Água, apoiado em cabo, cerca de um e um quarto de shi. Proprietário original mais alto que eu. Me passem as pontas, flechas.

 

Tayagum apresentou um tremor. Jujinta imediatamente jogou de lado a maioria das flechas por não atender a algum padrão tácito. Baixou para dois, ele os ergueu, rolou-os entre os dedos enquanto mirava ao longo de suas hastes, examinou as penas emplumadas.

 

— Eu posso acertar o tiro — declarou ele, cravando a flecha vencedora na corda do arco. — O problema é que há muitos lugares em que ela pode estar e preciso de tempo suficiente para adquiri-la. Temos que levá-la a uma janela por alguns segundos, mas sem que ela imediatamente nos faça em pedaços.

 

Yangchen pensou sobre isso. Em um momento de nuvens se abrindo, ela aterrissou no único ato que não havia feito intencionalmente durante todo esse tempo enquanto travava sua batalha de segredos com os Shangs, Henshe e Chaisee. Ela sabia que Akuudan e Tayagum a apoiariam se ela lhes contasse sua ideia.

 

Então, ela simplesmente foi na frente.

 

Antes que alguém pudesse reagir, Yangchen se levantou, tirou a capa e caminhou até o meio da rua vazia, revelando-se abertamente para seu inimigo. Ela acabaria com o engano. Ela seria ela mesma.

 

Ela abriu os braços enquanto caminhava em direção ao salão de reunião, um alvo laranja e amarelo brilhante na rua vazia. Yangchen ignorou os gritos de Tayagum e Akuudan e Kavik. Ela concentrou seus pulmões e gritou na direção de Yingsu, seu volume natural nunca tão acessível até agora:

— você está diante do Avatar!

 

O desafio foi lançado ao ar. O que mais um pacifista poderia fazer a não ser levantar a voz e esperar o melhor?

 

Cada passo que ela dava era um tempo emprestado. Ela não queria entrar no Estado Avatar; havia uma chance muito grande de ela ser morta dentro dele. O ciclo de reencarnação terminaria, deixando as Quatro Nações sem seu protetor.

 

Você vai tirar a vida de uma nômade do ar?  ela pensou.  Você destruiria a ponte entre humanos e espíritos? Existe algum limite que você não cruze?  Em sua mente, ela estava se dirigindo a mais pessoas ao invés do dominador de fogo no salão de reunião. Ela viu Kavik começar a se levantar de seu esconderijo e o derrubou com uma rajada de ar. Esta situação arriscada era só dela.

 

— Nós conversaremos! — Se alguém fora de sua equipe estivesse assistindo, pareceria que ela estava implorando a um espírito com ira, pouco diferente de suas relações com as Fênix-Enguia ou Ferro Velho. Yangchen ficou impressionada com o fato de que ela estava colocando quase tanta confiança em seu inimigo quanto em seu próprio povo. — chegaremos a acordos.

 

Houve silêncio após sua declaração. Talvez o último membro da Unanimidade tivesse decidido ceder.

 

E então Yangchen ouviu um fraco estalo.

 

Ela deveria saber melhor. Em seu coração ela sabia melhor, porque sua explosão de velocidade de dobra de ar foi rápida o suficiente para se salvar.

 

Ela correu para adiante, apenas fora da explosão, a onda de choque atingiu com mais força às suas costas do que ela podia suportar. Yangchen caiu no chão, rolando como uma moita de ervas daninhas secas no deserto, abraçando sua própria cabeça para proteção. Através do barulho da explosão, ela pensou ter detectado o fluxo de ar de uma flecha em voo, uma única nota subindo acima de um coro, mas ela poderia estar imaginando.

 

Seu impulso a levou de volta a seus pés e ela correu para a sala de reunião, forçando uma entrada para si mesma com um pedaço de terra em vez de se incomodar com a porta. A sala de reuniões parecia a mesma que ela se lembrava de seu encontro com os Shangs: bancos vazios, o estrado onde ela se sentou. Havia uma pequena varanda mais acima. Se ela estivesse certa sobre a flecha, o último Dobrador de Fogo estava atrás da porta.

 

Yangchen saltou para a sacada, gerando vento para girá-la mais alto, e ela aterrissou o mais silenciosamente que pôde. Ela se preparou para o que estava prestes a fazer e ficou feliz por estar sozinha. Henshe tinha o cálculo disso. Ela o neutralizou e os outros membros da Unanimidade usando uma habilidade singela, uma que ela mesma não podia deixar ninguém saber. Ela estendeu as mãos e, pela terceira vez hoje, se preparou para remover o ar do quarto indivíduo atrás da porta.

 

Qualquer um preso dentro da esfera de vazio que ela criou tornam-se incapazes de respirar e perdem a consciência em pouco mais de dez segundos. A morte viria logo depois se ela continuasse. E a parte mais assustadora era que eles nunca viram isso acontecendo antes.

 

Havia apenas um pouco de tempo em que ela poderia manter a técnica e permanecer fiel aos princípios do nômade do ar de manter a premissa que toda vida é sagrada. Um erro e ela estaria combinando letalidade com letalidade. Deixando a destrutividade da Unanimidade com uma reflexão tão insidiosa. Uma transação perfeitamente equilibrada — Yangchen fez uma pausa.

 

Não. Ela ainda tinha uma escolha. Retaliar com força total seria bom senso nesta situação, a coisa sensata a se fazer. Mas seus instintos, o silêncio de seu inimigo, lhe disseram para dar um passo para trás. Ela baixou as mãos e abriu a porta, expondo-se mais uma vez ao ataque.

 

A sala que dava para a varanda era pequena e  com um trocador de tela e uma mesa que se dobrava na parede. Lá dentro, uma mulher alta da Nação do Fogo que combinava com a descrição de Kavik de Yingsu estava sentada no canto. Suas longas tranças estavam presas firmemente para trás para mantê-las longe de sua testa, sua linha de cabelo alta fazendo com que ela se parecesse um pouco com uma Nômade do Ar. Ela agarrou a flecha presa sob sua clavícula. Sangue arterial escuro escorria ao redor do eixo.

 

Yingsu olhou para ela com um rosto ficando mais pálido a cada segundo. Yangchen correu para a janela para recolher a neve do parapeito, derreteu-a entre as mãos e, em seguida, deslizou ao lado da dominadora de fogo, aplicando o líquido da neve em sua ferida. A lesão foi grave. Se Yangchen tivesse tirado o ar da sala, isso a teria matado instantaneamente.

 

Remover a flecha seria complicado; estabilizar seu paciente veio em primeiro lugar.

 

— Não se mova, —  ela disse para Yingsu. — Ninguém aqui vai morrer hoje.

 

A cabeça de Yingsu deu voltas, como se ela estivesse contemplando a situação ridícula de ser salva por um Avatar, a quem ela tentou derrotar a momentos atrás. Um exercício inútil na opinião de Yangchen, tentando entender o mundo e as pessoas nele.

 

A mulher desistiu e fechou os olhos dourados.

 

— Obrigada — ela murmurou.

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Capítulo 37