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O Julgamento de Roku: Voltem pelo corpo

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Gyatso sentou-se em uma pedra e olhou para os fragmentos de céu visíveis através das folhas, tentando se concentrar. Cada fibra do seu ser ainda queria correr para o túnel para ajudar Malaya e Roku. Mas Kozaru e Dalisay não estariam longe, e ele não poderia enfrentá-las sozinho. Ele não tinha escolha a não ser confiar que seus amigos poderiam se cuidar enquanto esperava o momento certo.

As duas companheiras de Sozin estavam fora da entrada do túnel, discutindo sobre o que deveriam fazer, sem prestar atenção nele. Kozaru estava parada com os braços cruzados, mas Dalisay andava freneticamente de um lado para o outro. Depois que o chão tremeu um número alarmante de vezes, tudo ficou completamente quieto. Eles inicialmente acharam que era um bom sinal, mas Sozin ainda não havia retornado. Quanto mais tempo a quietude durava, mais ansiosos ficavam.

— Devíamos ir ajudar — sugeriu Kozaru novamente.

— O tremor parou, então a luta deve ter acabado — disse Dalisay. — Tenho certeza de que ele está bem.

— E se ele não estiver?

— Então ele não está.

— Então quem vai nos pagar pelo tempo que passamos cuidando dele nos últimos meses? — perguntou Kozaru.

— Você não pode receber seu pagamento se entrar lá e nunca mais sair.

— Sozin disse que se algo acontecesse comigo, ele enviaria para a minha família.

Dalisay zombou.

— Você acreditou nisso?

Kozaru descruzou os braços e começou a alisar uma das suas cicatrizes de queimadura. Mas ela não disse nada.

— Vamos esperar mais uma hora — sugeriu Dalisay. — Se não houver sinal dele, voltamos para a enseada, embarcamos no barco e navegamos para casa.

— E deixamos ele aqui?

— Ele faria o mesmo conosco.

Kozaru não se deu ao trabalho de discutir esse ponto.

— Mas e se ele estiver bem, perceber que partimos e voltar para a Nação do Fogo? O Senhor do Fogo nos prenderia pelo resto de nossas vidas por abandonar o Príncipe Herdeiro.

— Sozin não contaria a ninguém o que aconteceu. Lembre-se de que ele quer manter tudo em segredo, especialmente do Senhor do Fogo. Ele ficaria zangado, claro, mas é provável que compre nosso silêncio do que confessar ao pai sobre o que quer que ele esteja fazendo na Biblioteca dos Espíritos e nesta ilha estranha. Sem mencionar envolver o Avatar em tudo isso.

Kozaru ficou quieta por um longo tempo, como se considerasse essa possibilidade.

— Se ele realmente quisesse nosso silêncio, não acho que nos recompensaria com um bônus — finalmente disse. — Acho que ele cortaria nossas gargantas.

— Você realmente acredita que ele faria algo assim?

— Fui criada por ladrões, bandidos e mercenários — disse Kozaru. — Quando se trata disso, há algumas pessoas dispostas a fazer absolutamente qualquer coisa para conseguir o que querem. — Ela fez uma pausa e cruzou os braços novamente. — Sozin é uma delas.

— Talvez isso o torne um grande Senhor do Fogo um dia.

— Ou o pior tipo.

— Humm. Vamos ver.

— Supondo que ele ainda esteja vivo.

A conversa diminuiu. Kozaru bocejou. Dalisay continuou a andar de um lado para o outro.

Gyatso deixou sua atenção vagar de volta para o céu. Depois de alguns momentos, ele notou uma nuvem baixa e rápida, em forma de bisão voador, cruzando o azul. De repente, ela mudou de direção e saiu de vista. Poucos momentos depois, ela reapareceu, passando diretamente acima.

O rosto de Gyatso se abriu em um largo sorriso. Era um bisão voador. E não qualquer bisão voador – era Lola.

Se ele estava esperando o momento certo, este era.

Gyatso pulou da pedra e correu.

— Foi ótimo conhecê-las! — ele disse por cima do ombro.

— Ei, para onde você vai, garoto? — gritou Kozaru. E então para Dalisay: — Devemos ir atrás dele?

Gyatso não diminuiu a velocidade para descobrir. Ele abriu seu planador enquanto continuava a correr, levantou-o acima da cabeça e puxou uma rajada de ar sob suas asas que o levantou no céu. Ele passou por entre as árvores e explodiu pelo dossel, entrando no ar livre. Sem mais neblina, o vale e as montanhas se estendiam abaixo. Ele procurou Lola no céu. Em vez disso, seus olhos pousaram na Irmã Disha, que voava em direção a ele em Amra.

— Gyatso! — ela chamou, seu rosto se iluminando de alívio ao ver o jovem Nômade do Ar.

Ele acenou e voou para encontrá-los. Ao passar sobre o bisão voador, ele desceu na sela e fechou seu planador.

— Lola? — perguntou.

A Irmã do Ar assentiu.

— Quando ela apareceu no templo sem nenhum de vocês dois, sabíamos que algo estava errado. Então a seguimos até aqui o mais rápido que pudemos.

— Eu amo bisões voadores — disse ele, acariciando Amra nas costas.

— Quem não ama? — perguntou a Irmã Disha. — E parece que sua dobra de ar voltou a funcionar.

— Longa história.

— Mas onde está Roku?

— Em algum lugar lá embaixo — disse Gyatso. A Irmã do Ar olhou para o lado de Amra, como se esperasse ver o Avatar.

— No subsolo — ele esclareceu.

— Ele precisa de nossa ajuda? — ela perguntou.

Antes que Gyatso pudesse responder, um estrondo abafado trovejou debaixo da terra, sacudindo a terra e fazendo bandos de pássaros voarem para o céu.

— Talvez — disse Gyatso, seus olhos se voltando para uma grande faixa da encosta coberta de árvores mortas e vegetação. Era como se toda a vida tivesse sido sugada delas.

Amra deu a volta e começou a descer, mas não havia ido muito longe antes que uma segunda explosão detonasse no subsolo e a área que Gyatso estava olhando explodisse, irrompendo com uma onda de fogo iridescente.

O vento da explosão passou por Gyatso e pela Irmã Disha, agitando suas vestes e o pelo de Amra enquanto eles se seguravam firmemente na sela. Amra se estabilizou quando passou, e os Nômades do Ar olharam para baixo para encontrar uma enorme nuvem de poeira sob eles. Amra os levou perto o suficiente para que a Irmã Disha e Gyatso pudessem varrer uma camada de poeira e revelar um enorme poço de escombros desmoronados.

— Roku estava lá embaixo? — perguntou a Irmã Disha, horrorizada.

O coração de Gyatso afundou.

— E Malaya — disse ele, embora a Irmã do Ar ainda não soubesse quem era.

Antes que ela pudesse perguntar, ele mergulhou pela lateral de Amra, desceu rapidamente com seu planador e pousou no centro da destruição. Usando a mesma técnica que havia usado para salvar Roku e Ta Min no caminho da montanha, ele começou a balançar seu bastão de um lado para o outro, gerando arcos de vento que varriam pedaços de terra caída camada por camada. Ele continuou trabalhando assim, sabendo que não seria suficiente – mesmo quando sentiu a Irmã Disha pousar nas proximidades e se juntar aos seus esforços – mas ele também sabia que não podia desistir de seus amigos.

Não estavam nisso há muito tempo quando a terra começou a tremer. Não foi uma explosão repentina, mas uma construção lenta e constante. A tremedeira se tornou mais violenta, e os Dobradores de Ar trocaram um olhar temeroso, antecipando um colapso secundário. Eles pularam para a beira do poço, justo quando os destroços subiram – depois ficaram congelados no ar – expondo o chão do poço a duzentos ou trezentos pés abaixo.

Era a Caverna Sagrada. Ou melhor, havia sido.

E então, através do campo flutuante de terra quebrada, Gyatso avistou Roku. O Avatar estava com os pés plantados e os braços estendidos sobre a cabeça. Seus olhos estavam fechados e sua mandíbula estava cerrada enquanto ele se esforçava para segurar o peso de tudo que ele estava dobrando de alguma forma. Alguém estava inconsciente aos pés de Roku, e outra forma estava caída no fundo do poço.

Com um último esforço, Roku ergueu a terra para limpar o poço – e desabou. A Irmã Disha, Gyatso e Amra não perderam tempo em voar até ele.

Roku havia perdido a consciência, mas ainda estava respirando. Perto dali, Sozin se mexeu e gemeu, seu corpo gravemente queimado e machucado.

— O que o Príncipe Sozin está fazendo aqui? — perguntou a Irmã Disha, chocada.

— Onde está Malaya? — perguntou Gyatso.

Mas Sozin estava muito fora de si para responder.

Gyatso se virou e correu em direção à outra pessoa. Mas quando se aproximou, viu que não era Malaya.

Era um velho de barba branca que devia ser Ulo. Seus olhos azuis e gelados olhavam fixamente para cima, e o centro de seu torso era um buraco queimado.

Gyatso olhou ao redor, mas não viu outros corpos. Sozin havia chegado à Caverna Sagrada – então onde estava Malaya? Se ela não estava ali, isso significava que ela havia escapado de Sozin e sobrevivido?

Ou estava enterrada em algum outro lugar nas proximidades?

— Quem é esse? — perguntou a Irmã Disha.

— O chefe do clã — disse Gyatso, ainda procurando freneticamente por algum sinal de Malaya, o coração na garganta. — Ele está morto.

A Irmã Disha suspirou.

— Voltaremos pelo corpo. Ajude-me a levar o Avatar Roku e o Príncipe Sozin para Amra para podermos levá-los de volta à aldeia o mais rápido possível. Espero que tenham um bom curandeiro.

— Tenho que encontrar minha amiga — disse Gyatso, enquanto uma sensação de vazio familiar se instalava no fundo de seu estômago. Ele nunca deveria ter deixado ela ir sozinha com Sozin.

— Gyatso — disse a Irmã Disha com firmeza, mas gentilmente —, não há mais ninguém aqui. Esses dois precisam de um curandeiro se quiserem sobreviver. Ajude-me.

Gyatso lançou um último olhar em volta da área. A Irmã Disha estava certa. Não havia mais ninguém ali. Desanimado, ele voltou para a Irmã do Ar. Eles ergueram o Avatar e o príncipe na sela do bisão voador, depois voaram com Amra para fora do poço e em direção à aldeia.

— Você e Roku têm muito a explicar — disse a Irmã Disha, seu tom mudando de preocupado para repreensivo agora que havia encontrado seus dois protegidos vivos.

Mas Gyatso mal a ouviu. Sua respiração havia se tornado superficial e irregular, e seus olhos se encheram de lágrimas enquanto sua atenção se fixava no poço banhado pelo sol que se afastava na distância, ainda procurando a garota com a faca afiada, dizendo a si mesmo que, acima de tudo, ela era uma sobrevivente.

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Capítulo 48