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O Julgamento de Roku: Um fim rápido para a era de Roku

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Terra e rocha pressionavam Roku por todos os lados. Ele estava cercado, esmagado, incapaz de mover qualquer parte do corpo apesar de sua raiva crescente e pânico. Não havia esperança de cavar ou usar dobra de fogo para escapar.

Seu pulso acelerou. Sua respiração ficou rápida e superficial. Sua mente girava.

Será que Ta Min estava bem? Ele precisava ajudá-la. Precisava sair dali. Mas como? Poderia entrar no Estado de Avatar?

Ele se concentrou.

Não conseguia.

Será que ele realmente tinha sido emboscado por um único criminoso do Reino da Terra? Que tipo de Avatar ele era? Se algum dia atualizassem As Vidas do Avatar, Roku tinha certeza de que sua entrada não passaria de algumas linhas.

Mas o que ele poderia fazer?

Lembrou-se da voz sonora da Irmã Disha: Respire.

Obviamente, pensou Roku.

Respire.

Tudo bem.

Roku parou de lutar. Em vez disso, concentrou-se em desacelerar sua respiração.

Da melhor forma que conseguiu enquanto estava sendo esmagado até a morte, ele inalou, contou até quatro, exalou, contou até quatro novamente.

Roku repetiu o exercício básico de respiração várias vezes.

Logo, sua frequência cardíaca diminuiu, sua mente se acalmou, seu corpo relaxou. Não estava confiante de que isso o ajudaria a escapar, mas pelo menos não morreria em pânico. Talvez isso fosse bom para sua reencarnação.

Roku estava prestes a respirar novamente quando sentiu o solo ao seu redor começar a se mover. A pressão afrouxou, aliviou – então a escuridão deu lugar à luz do sol. Algo puxou Roku para cima até que ele irrompeu pelo chão como se tivesse sido cuspido para a superfície. Enfraquecido pela pressão esmagadora de ter sido quase enterrado vivo, ele caiu de quatro, tossindo e cuspindo terra. Olhou para a esquerda, onde Ta Min tinha estado caminhando – felizmente, ela estava lá. Em uma condição semelhante, mas lá.

Ele não podia acreditar – ele realmente tinha conseguido. Ele tinha usado dobra de terra para salvá-los.

Talvez ele não fosse um fracasso tão grande como Avatar, afinal.

— De nada — disse a voz sarcástica de Gyatso. O Nômade do Ar passou por Roku para ajudar Ta Min a se levantar. — Vim o mais rápido que pude assim que ouvi todo aquele barulho.

Quando Roku se levantou com algum esforço, notou que o Dobrador de Terra de barba desgrenhada que os havia atacado estava caído ao pé de uma árvore próxima, inconsciente. Ok. Talvez Roku não tivesse realizado algum feito maravilhoso.

Ta Min correu e abraçou Roku, e ele tentou não se contorcer com uma dor aguda na lateral. Talvez uma costela quebrada. Eles se separaram e olharam um para o outro com preocupação, depois com alívio.

Eles estavam machucados, arranhados e cobertos de terra, mas nenhum parecia gravemente ferido. Saber que Ta Min estava segura diminuiu um pouco da frustração de Roku por ter sido emboscado tão facilmente – e um pouco de sua vergonha ao perceber que o jovem Nômade do Ar, de olhos sonolentos, tinha sido quem os salvara.

Roku se virou para Gyatso.

— Como você fez isso?

— Minha dobra de ar funcionou — disse Gyatso, espantado. — Funcionou quando saltei de Amra para descer aqui com meu planador. Funcionou quando balancei meu bastão para derrubar o Dobrador de Terra com uma rajada de ar. E funcionou quando injetei um redemoinho de vento através do solo para levantar vocês dois.

Roku assentiu, fingindo não estar impressionado com as habilidades de Gyatso.

— Obrigada — disse Ta Min e abraçou Gyatso.

— Então você está curado? — perguntou Roku.

Gyatso estendeu uma palma aberta para o lado. Nada aconteceu. Seu rosto caiu.

— Acho que não.

— Talvez ver a gente em perigo tenha focado seu chi — sugeriu Ta Min.

— Talvez.

— Só estou feliz que a Irmã Disha insistiu para você vir com a gente — admitiu Roku.

O canto da boca de Gyatso levantou. Então ele acenou na direção do Dobrador de Terra inconsciente.

— Esse cara é um assassino ou algo assim?

O Rei da Terra Jialun manda lembranças, disse o homem.

Roku examinou a área. Logo ao lado do caminho, avistou um monte de terra fresca cercando um buraco no chão — uma toca larga o suficiente para um homem passar.

— Parece que sim — disse ele, assentindo na direção do buraco. — Ele deve ter cavado o caminho até nós.

Então ele se aproximou do Dobrador de Terra, a raiva surgindo agora que a ameaça havia passado. Agarrou o homem pelo colarinho e o puxou para uma posição sentada. O homem gemeu e começou a despertar enquanto se encostava na árvore.

Roku recuou e girou com um chute-gancho giratório que liberou uma faixa de chamas que queimou o tronco da árvore alguns centímetros acima da cabeça do Dobrador de Terra. Os olhos do homem se arregalaram, cheios de pânico ao perceber que havia falhado em sua missão e agora ele próprio estava em perigo.

Ele levantou as mãos para proteger o rosto.

— Não me machuque!

— Mãos ao lado — ameaçou Roku enquanto cachos de fumaça subiam da madeira queimada. O homem abaixou as mãos. — E nem pense em tentar qualquer coisa.

— Acalme-se, Roku — disse Gyatso.

Roku o encarou, focado no Dobrador de Terra.

— Ele tentou nos matar.

Ta Min se aproximou de Roku e tocou seu cotovelo.

— Mas ele não é mais uma ameaça.

— O Rei da Terra mandou você? — perguntou Roku.

O Dobrador de Terra engoliu em seco, então assentiu.

— Sim, isso o torna oficialmente um assassino — disse Gyatso.

Roku ficou sem palavras. Um assassino. Enviado para acabar com sua vida.

Ele examinou a floresta densa ao redor, de repente ciente de tudo o que ela podia esconder. Um senso de pressentimento percorreu seu corpo. Este era seu futuro – assassinos à espreita atrás de cada pedra e árvore. Todos admiravam o poder que o Avatar possuía, mas raramente falavam sobre o alvo eternamente tatuado em suas costas – e nas costas daqueles que ele mais amava.

— Mas por quê? — perguntou Ta Min.

O Dobrador de Terra deu de ombros.

— Sou um subalterno. Músculo contratado. Você acha que eles me contariam?

Ta Min franziu a testa.

— Mas isso não faz sentido politicamente…

Não faz mesmo? Roku respirou fundo e considerou a situação. Se o Rei Jialun queria dar um fim tão rápido à Era de Roku, ele devia estar tramando algo – assim como Sozin tinha avisado. Ele se virou para Ta Min e abriu a boca para dizer isso a ela quando o Dobrador de Terra de repente se lançou para frente e cavou direto no chão.

Roku, Ta Min e Gyatso adotaram posturas defensivas enquanto se preparavam para o assassino ressurgir e atacar. Eles se concentraram no som abafado do tremor sob os pés — mas ele rapidamente se distanciou. Logo, o som desapareceu até restar apenas o vento entre as árvores.

— Isso não é bom — disse Gyatso, apontando o óbvio.

Então ele relaxou sua postura e esticou o pescoço para cima, olhando para as mudas de luz solar que caíam entre as folhas agitadas.

— Pelo menos é uma manhã bonita.

Roku exalou, então virou-se para Ta Min, que olhou para ele com expecativa.

Eles quase haviam perdido suas vidas juntos – por que esperar para dizer a ela como ele se sentia?

Porque agora não era o momento. Ela precisava se concentrar em se tornar uma diplomata, e ele precisava se concentrar em se tornar o Avatar.

Se estavam destinados a ficar juntos, eles encontrariam o caminho de volta um para o outro eventualmente.

Em vez disso, ele disse a ela:

— Escreva para Sozin novamente, mudei de ideia.

 


 

— Você não está mudando de ideia — disse a Irmã Disha.

— Mas eu sou o Avatar — queixou-se Roku. Ele descruzou os braços, pois estava a um pisão de pé de se tornar a criança petulante que a Monja do Ar claramente pensava que ele era. Felizmente, Ta Min e Gyatso tinham decidido esperar fora do santuário enquanto ele ia falar com a Irmã Disha, então não estavam ali para testemunhar seu pequeno acesso de birra.

— E eu sou sua mestre de dobra de ar — lembrou ela, com um tom mais severo do que o usual. As estátuas das inúmeras vidas passadas de Roku estavam em um julgamento silencioso ao redor e acima deles, espiralando pelo interior da torre. — Eu determino quando você está pronto para aprender dobra de ar. Eu determino quando você dominou a dobra de ar. Eu determino quando você está pronto para começar a servir. E você não está pronto.

Os olhos de Roku se desviaram para o espaço vazio ao lado da imponente estátua de Kyoshi, o espaço onde a sua própria estaria um dia.

— Quando eu estarei pronto?

— Como já te disse muitas vezes antes: quando você se desapegar da Nação do Fogo.

— Isso não é sobre a Nação do Fogo — isso é sobre parar o Reino da Terra antes que eles…

— Não — disse a Irmã Disha, interrompendo Roku pela primeira vez, enquanto continuava a caminhar pelas fileiras de estátuas. — Esta é uma decisão nascida da raiva, do desejo de vingança, de machucar aqueles que atacaram você e sua amiga.

— Eles tentaram nos matar.

— Haverá inúmeras tentativas contra sua vida. Você vai declarar guerra todas as vezes?

— Não é guerra, é… uma missão diplomática. É sobre persuadi-los a deixarem uma ilha que não pertence a eles antes que as coisas piorem.

A Irmã Disha balançou a cabeça com decepção.

— Assim como o ar, a terra não pertence a ninguém. Não é responsabilidade do Avatar impor fronteiras ilusórias.

— Fronteiras ilusórias? — repetiu Roku. — Diga isso aos monarcas de Karth ou ao Senhor do Fogo ou aos chefes da Água.

— Isso é para eles brigarem entre si. Como sempre fizeram, como sempre farão. Intervir em uma disputa territorial que envolve sua terra natal, especialmente antes de você estar preparado, só complicará os conflitos e fará o mundo questionar suas lealdades, não importa como a questão se resolva.

A Irmã Disha parou em frente a uma estátua do Avatar Zalir, no fundo do santuário. Ela era uma mulher de cabelo curto, atleticamente construída, usando uma túnica sem mangas e uma tolga padronizada, um tipo de saia envolvente feita à mão que era usada nos dias antes da Nação do Fogo, quando o arquipélago era uma coleção solta de pequenos clãs espalhados pelas Ilhas do Fogo.

— Mas…

— De manhã — disse a Irmã Disha, cortando Roku pela segunda vez enquanto agora se virava para ele —, partiremos para o Polo Sul, como planejado, para ajudar as vilas afetadas pela recente nevasca. Está claro, Avatar Roku?

— E se o Rei da Terra enviar outro assassino?

— Você vai entregar a ele uma pá e pedir para ajudar a cavar a neve.

Roku apertou o maxilar. Nenhum argumento que ele usasse convenceria sua mestre de dobra de ar. Ela era tão inflexível, tão insensível quanto as esculturas de pedra que preenchiam o santuário.

— O que você disser, Irmã.

— Muito bem. — A Irmã Disha voltou sua atenção para as estátuas. — Agora, tome um banho, medite, descanse. Você teve uma manhã bastante agitada, e temos uma longa — e fria — jornada pela frente.

Roku se virou e saiu, passando furioso pelas fileiras de suas vidas passadas, pelo espaço vazio ao lado de Kyoshi, e para fora do santuário interno do Templo do Ar do Sul enquanto uma rajada de vento de dentro fechava as pesadas portas atrás dele com força.

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Capítulo 6