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O Julgamento de Roku: Seu último ato

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Sozin seguia Malaya tão de perto enquanto ela corria pelos túneis em direção à Caverna Sagrada que ela sentia o calor das chamas dele ardendo em suas costas.

— Anda logo — ele ordenou. Apesar do tom arrogante, a preocupação com seu amigo era óbvia. Quanto mais profundamente eles avançavam no sistema de túneis sinuosos, mais frequentes e intensas se tornavam as explosões que sacudiam a terra. Será que sua fachada enganava alguém?

— Estou indo o mais rápido que posso — Malaya disse entre respirações ofegantes. Seus pulmões ardiam, cada músculo doía, e seus pés pareciam ainda estar presos em pedra. Era apenas meio-dia, e sua manhã havia consistido em libertar os Dobradores de Terra, duelar com Amihan, escavar a vila destruída para ajudar o máximo de pessoas possível, lutar contra os Dobradores de Terra responsáveis por essa destruição, e agora isso. Esperançosamente, matar o Príncipe da Nação do Fogo seria seu último ato do dia.

Embora ela nunca tivesse pisado na Caverna Sagrada, sabia o caminho de cor; seu senso de direção era tão bom que, quando criança, muitas vezes era encarregada de entregar provisões ou mensagens aos dobradores que trabalhavam ou treinavam lá. Então, ela guiava Sozin pelos antigos tubos de lava com confiança, nunca hesitando em escolher o caminho correto quando os túneis bifurcavam ou se dividiam em níveis. A única coisa além de sua exaustão que retardava seu progresso eram as instâncias ocasionais em que tinham que escalar ou contornar escombros que haviam caído no caminho devido aos tremores intermitentes que sacudiam a terra. Nada disso tornou o caminho intransitável até agora, e ela esperava que continuasse assim até o fim. Ela precisava chegar até Roku e ajudá-lo de qualquer maneira possível, só planejava acabar com Sozin primeiro.

Seu plano atual era esperar até que chegassem à próxima seção semi-colapsada do túnel, passar primeiro, encontrar uma pedra pesada e acertar a cabeça dele, quando ele passasse.

Quando tudo isso acabasse, ela diria que ele foi esmagado por pedras que caíram.

Se ninguém acreditasse nela e ela tivesse que enfrentar as consequências de matar o Príncipe Herdeiro da Nação do Fogo, que assim fosse.

Não era seu melhor plano, mas ela estava sem opções. Ela havia abandonado seu arco e flechas há muito tempo, havia dado sua adaga a Dalisay, e estava tão exausta que quase desmaiava. Não havia como ela enfrentar um Dobrador de Fogo habilidoso em combate corpo a corpo e vencer.

Mesmo que ela tivesse sucesso, Malaya não mentiria para Gyatso. E depois que ele soubesse que ela havia tirado a vida de Sozin, provavelmente perderia sua amizade para sempre. Ela teria que viver com isso também. Por mais que o mundo precisasse de pessoas tão gentis e amáveis quanto ele, também precisava dos endurecidos para manter os cruéis sob controle, para os gentis poderem continuar sendo gentis. Se qualquer um deles – e os outros membros de seu clã – sobrevivessem a este dia, ela teria que acabar com essa ameaça.

E dado o tipo de líder que ela suspeitava que Sozin estava prestes a se tornar, ela também poderia estar fazendo um favor às gerações futuras.

Gyatso estava certo de que Roku tinha muita história com Sozin para ver isso claramente, mas ela tinha certeza de que o Avatar havia chegado a uma conclusão semelhante sobre Ulo.

Ela e Sozin continuaram correndo pelos túneis, os sons de suas respirações pesadas e passos rápidos preenchendo o espaço entre as explosões distantes que ecoavam pelo subterrâneo.

— Posso sentir — disse Sozin quando passaram pela última bifurcação. — Estamos quase lá, não estamos?

— Sim — Malaya disse, enojada com como a empolgação dele parecia ofuscar sua preocupação agora que se aproximavam da Caverna Sagrada. — Quase no fim.

Poucos momentos depois, o caminho deles foi bloqueado por uma parede de escombros. Era exatamente o que Malaya estava esperando. Enquanto se aproximavam, sua boca ficou seca. Seu coração conseguiu bater ainda mais rápido do que já estava. Uma sensação de vazio se instalou em seu estômago. Ela lembrou que os humanos eram outro tipo de animal e que matar alguém como Sozin era ainda mais justificável do que tirar a vida de todas aquelas criaturas inocentes que ela havia caçado ou capturado ao longo dos anos para encher seu estômago.

Sozin passou por ela e lançou uma rajada de fogo que abriu uma pequena passagem através das pedras caídas ao longo da parede.

Malaya se preparou para passar primeiro, mas Sozin agarrou seu braço, o rosto iluminado pelo brilho da chama que ele segurava na palma da mão.

— Eu primeiro.

A mente dela procurou uma razão lógica para discordar, mas não encontrou nada. Ela recuou e mudou seu plano.

Ela deixaria ele passar e o atacaria por trás quando sua atenção inevitavelmente se voltasse para a caverna.

Sozin soltou Malaya e se espremeu pela abertura estreita, levando a luz, deixando Malaya quase na escuridão total.

— Vamos — Sozin instigou do outro lado.

Malaya olhou para o chão e pegou um fragmento de pedra afiado, aproximadamente do tamanho e formato de uma pequena faca. Teria que servir. Ela respirou fundo, preparou-se e passou pela abertura.

Sozin estava esperando do outro lado em uma postura de ataque angulada.

— Obrigado pela ajuda — ele disse, então girou o corpo em um chute de fogo que acertou Malaya com força no rosto e queimou sua bochecha.

Malaya cambaleou para trás, balançou a cabeça para se recompor e avançou com o fragmento de pedra na mão. Ela sentiu a pedra perfurar o estômago dele um momento antes dele afastar seu braço e bater a cabeça contra a dela.

A dor atravessou o crânio de Malaya. Sua visão duplicou e ela perdeu o equilíbrio. Um punho atingiu seu estômago, tirando o ar de seus pulmões e jogando-a contra a parede do túnel. Ela tentou e falhou em se levantar… estava muito lenta e tonta, e sua cabeça ainda estava zunindo como se o mundo estivesse se partindo.

Um momento depois, foi consumida pelo fogo.

Pelo menos, ela pensou, naquele momento final, antes que a dor excruciante a dominasse, ela tentou.

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Capítulo 44