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O Julgamento de Roku: Irreparável

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Gyatso ainda não disse nada a Malaya quando alcançaram Kozaru e Sozin na entrada dos túneis. Dalisay não estava muito longe, ainda admirando sua nova adaga, enquanto os cães-enguias e a gorila-társio não estavam em lugar algum. O sol ainda estava diretamente acima, mas começava a descer lentamente.

— Então, este é o seu… Como você chama? Túnel secreto? — Sozin sorriu, olhando para a escuridão que se abria. Malaya podia perceber que ele estava apenas fingindo ceticismo. Ela sentia, por trás de sua arrogância, tanto a preocupação genuína pelo amigo quanto o interesse pelo poder da ilha. Só não sabia qual deles era maior.

— É a entrada para os túneis que levam à Caverna Sagrada — Malaya corrigiu. — É onde eles provavelmente estão.

— Suponho que seja como um labirinto lá embaixo? — Malaya assentiu.

— Então você terá que me mostrar o caminho.

Malaya hesitou. Se Gyatso estivesse certo de que a verdadeira motivação do amigo de Roku era o poder lendário da ilha – uma possibilidade que o próprio Roku havia reconhecido relutantemente -, então, levar Sozin à Caverna Sagrada era a última coisa que ela deveria fazer.

Ao mesmo tempo, que escolha ela tinha? Ela e Gyatso não poderiam enfrentar os três Cidadãos do Fogo, mesmo que ela não tivesse medo do que poderia fazer se segurasse a adaga novamente. E, embora Gyatso confiasse que Roku cuidaria de Ulo, Gyatso não conhecia Ulo como ela conhecia, não importava o quanto ela já tivesse compartilhado. Roku precisaria de ajuda.

— Está bem — disse Malaya. — Vamos.

O sorriso de Sozin se alargou, seus olhos dourados ficaram mais famintos.

Todos começaram a descer os degraus esculpidos no lado da cova de terra que levava à entrada arqueada nas rochas, mas Sozin estendeu a mão para impedir Kozaru, Dalisay e Gyatso.

— Apenas a garota e eu — ele disse.

Kozaru deu de ombros e se sentou em uma rocha próxima. Dalisay revirou os olhos, murmurou algo sobre uma biblioteca e saiu irritada. Gyatso balançou a cabeça.

— Se ela for, eu vou — ele disse.

A esperança acendeu-se dentro de Malaya. Talvez sua violenta perda de controle não tivesse arruinado completamente o que estava crescendo entre eles.

— Que doce — Sozin disse. — Mas não.

Gyatso não se moveu.

— Por que não?

— Eu não preciso de você. E, para ser honesto, não confio em você.

— Você não confia em mim? Sou um Nômade do Ar.

— Exatamente — Sozin disse. — Como meu pai sempre diz, nunca confie em alguém que não come carne.

— Isso é realmente algo que ele diz? — Kozaru perguntou.

— É — Sozin disse.

— Palavras sábias de um Senhor do Fogo sábio — Kozaru disse, assentindo sabiamente enquanto tirava um punhado de carne seca de rinoceronte-Komodo de sua sacola.

Embora mais baixo, mais magro e mais jovem que Sozin, Gyatso deu um passo em direção ao Príncipe da Nação do Fogo.

— Se há alguém em que não se deve confiar, é você.

O sorriso de Sozin transformou-se em algo sinistro enquanto ele olhava nos olhos de Gyatso.

— É mesmo?

— Eu não entendo como Roku poderia ser amigo de alguém como você.

— Com uma cabeça tão pequena, tenho certeza de que há muitas coisas neste mundo que você não entende.

Os nós dos dedos de Gyatso ficaram brancos enquanto ele apertava o bastão com mais força.

— Quer tentar alguma coisa, pequeno Dobrador de Ar? Você nem tem suas setas ainda. — Sozin ergueu a mão e deu um peteleco no centro da testa de Gyatso.

Malaya puxou Gyatso antes que ele pudesse reagir.

— Está tudo bem — ela disse, instigando o Nômade do Ar a recuar.

— Salvo por sua namorada — Sozin disse.

Gyatso exalou, então desviou os olhos de Sozin e virou-se para Malaya.

— Você tem certeza? — ele perguntou, com tom suave.

— Vou ficar bem — ela disse. E então acrescentou: — Confie em mim como confiou em Roku.

Gyatso assentiu, então abraçou Malaya. Seu coração se encheu. Era a primeira vez que alguém a segurava assim.

— Tenha cuidado — ele sussurrou no ouvido dela.

— Vou ter — ela disse. E então, — Gyatso?

— Sim?

Ela se afastou e olhou nos olhos dele.

— Você acha que algumas pessoas nascem quebradas?

— Não — ele disse, sem hesitação. — Há coisas neste mundo que podem nos quebrar, mas aprendi que sempre há uma maneira de curar.

Malaya piscou para afastar as lágrimas.

— Talvez, depois que tudo isso acabar, eu possa voltar ao Templo do Ar do Sul com você?

Gyatso sorriu.

— Eu gostaria disso.

Um estrondo abafado sacudiu o chão, fazendo todos cambalearem. Todos os olhos se voltaram na direção do vulcão distante, uma fatia do qual era visível no horizonte através das árvores. Mas parecia intocado.

— Se isso não foi uma erupção, então o que foi? — Dalisay perguntou.

— Roku — Sozin disse, com o rosto gravado de preocupação. Então seus traços se endureceram enquanto ele se virava para Malaya. — Vamos.

Outro estrondo sacudiu a terra quando Malaya se virou para Gyatso para dizer um último adeus, mas Sozin a agarrou pelo pulso e a puxou. Ele a arrastou pelos degraus até a entrada do túnel, soltando-a assim que entraram para que ela pudesse mostrar o caminho.

Talvez ela não estivesse além de conserto, mas Sozin era exatamente como Ulo. Ele não deixaria Gyatso ou ela viverem, e certamente não voltaria para ajudar seu povo. Ele não queria deixar testemunhas que pudessem espalhar notícias de suas atividades não autorizadas. Pessoas como ele nunca mudam e nunca deveriam liderar, seja um clã ou uma nação. Ela faria daquele túnel o túmulo dele ou morreria tentando.

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Capítulo 42