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O Julgamento de Roku: Elementos locais

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Dois dias se passaram até que Roku finalmente se sentisse bem o suficiente para deixar a cabana do chefe. Com a ajuda de Ulo, ele se abaixou para passar pela entrada e desceu a escada de bambu para ver a vila pela primeira vez.

Suas pernas estavam rígidas pela falta de uso, e ele se sentia desequilibrado ao começar a caminhar. O ar estava quente e úmido, o céu nublado.

Era fim de tarde e época de colheita, então poucas pessoas permaneciam nas cabanas elevadas que se aninhavam no vale. Os aldeões pontilhavam os campos de arroz em terraços que seguiam os contornos das montanhas ao redor. Eles avançavam lentamente pelos talos até a cintura, cortando a colheita na base com machetes e depois agrupando os feixes, deixando para trás fileiras de caules cortados em águas rasas e lamacentas.

A família de Roku possuía muitos campos de arroz em todo o arquipélago. Quando ele e Yasu eram jovens, seu pai às vezes os levava para inspecionar os trabalhadores. É bom que eles vejam vocês — seu pai sempre dizia, — para não ficarem preguiçosos. Yasu e Roku sempre observavam com orgulho, mas, como muitas outras coisas, essas viagens terminaram após a morte de Yasu.

Então, era uma cena familiar o suficiente para que, ao observar, Roku sentisse como se estivesse na Nação do Fogo, apesar das afirmações contrárias de Ulo. Apenas algumas coisas pareciam diferentes. Os ilhéus usavam as vestes das antigas Ilhas do Fogo, mas sem chapéus – provavelmente porque não estavam acostumados a trabalhar sob a luz direta do sol. Havia também o metal incomumente escuro dos machetes que balançavam, que parecia ter um brilho avermelhado em certos ângulos. Finalmente, graças às palavras de despedida de Gyatso, Roku não conseguia evitar imaginar o esforço do trabalho.

— Além de cultivar arroz, colhemos frutas, legumes, nozes, fungos, caracóis e uma variedade de plantas medicinais da natureza — disse Ulo enquanto eles vagavam lentamente, Roku usando o braço do velho para se apoiar. — Como pode ver, mantemos pequenos animais como galinhas-porco na vila, e animais grandes do lado de fora. Mas também caçamos, pescamos e armamos armadilhas. Usamos argila, cabaças ocas ou cascas de coco como recipientes, e tecemos nossas roupas, cestos e cabanas com as fibras das nossas plantas. Tudo o que precisamos, a ilha fornece… desde que a protejamos e nunca peguemos mais do que precisamos.

Ulo sorriu com a autossuficiência de tudo isso enquanto levava Roku a cada lugar onde tais tarefas ocorriam e respondia às perguntas do Avatar sobre suas atividades e costumes diários.

Quando chegaram à última cabana, a forja da vila, um Dobrador de Fogo de cabelo rebelde e longa barba trançada martelava um pedaço estreito de metal incandescente.

— Nunca vi aço assim antes — disse Roku. — Que tipo de liga você usa?

— Elementos locais — disse Ulo.

Ele começou a se virar, mas Roku olhou para a trilha que continuava além da vila.

— É o caminho para a Caverna Sagrada?

Ulo assentiu.

— Posso ver?

— Não hoje — disse Ulo. — Você ainda precisa descansar, e eu devo cuidar de alguns assuntos urgentes do clã após acompanhá-lo de volta.

— Sua batedora localizou os Dobradores de Terra?

A boca de Ulo se curvou em um sorriso que não chegou aos olhos.

— Algo muito menos interessante, receio. Há sinais de uma possível infestação de besouros na floresta do outro lado do vale que devo examinar.

O olhar de Roku permaneceu no rosto de Ulo por um momento, depois voltou para a trilha.

— Todos que entram na Caverna Sagrada saem tão exaustos quanto eu?

— Não aqueles com o treinamento adequado — explicou Ulo. — Desde que nossos dobradores são pequenos, começamos a prepará-los para entrar na Caverna Sagrada com uma variedade de exercícios de respiração e meditação desenvolvidos por nosso povo ao longo dos séculos. Quando dominam essas técnicas, podem entrar, mas apenas por um curto período. Aumentamos gradualmente esse tempo para aumentar sua tolerância. Eventualmente, eles conseguem permanecer na caverna com segurança tempo suficiente para começar a aprender a usar seu poder para dobrar. — Ulo riu. — Como você sabe, enviar um dobrador sem esse treinamento é como jogar alguém que não sabe nadar no meio do mar.

Era a maneira perfeita como Roku descreveria ser identificado como o Avatar.

Roku selecionou sua próxima pergunta com cuidado.

— Seus dobradores conseguem canalizar essa energia sagrada mesmo quando voltam à superfície?

Ulo balançou a cabeça.

— O poder não é nosso para reivindicar. Assim como os primeiros de nosso tipo renunciaram à dobra para as tartarugas-leão após voltarem das Selvas Espirituais, também devemos deixar o nosso na caverna. Fazemos oferendas a cada equinócio para que Yungib continue nos permitindo emprestá-lo. Qualquer uso indevido convidaria a ira do espírito da caverna.

— Entendo — disse Roku, esperando que Ulo estivesse dizendo a verdade. — O nome do espírito da caverna é Yungib?

Ulo assentiu, depois gesticulou de volta para a vila.

— Vamos?

Sentindo que Ulo revelou tudo o que diria no momento, Roku assentiu e deixou o chefe guiá-lo de volta.

Mesmo assim, foi o máximo que Roku havia aprendido sobre a caverna até então.

As conversas durante os momentos intermitentes de consciência de Roku haviam sido principalmente sobre o funcionamento diário da vila, o treinamento de Roku e notícias do mundo exterior. Sempre que Roku perguntava se o povo de Ulo havia localizado os Dobradores de Terra, Ulo assegurava a Roku que ele seria o primeiro a saber quando isso acontecesse. E sempre que a conversa se movia na direção da Caverna Sagrada, Ulo habilmente o desviava, assim como estava literalmente fazendo nessa caminhada.

No geral, Ulo parecia a Roku um líder forte, sensato e conhecedor. Ele cuidava de sua comunidade, entendia seu povo e sabia como cuidar deles. E mais do que isso, ele conseguia administrar uma comunidade mista de não-dobradores e dobradores de cada elemento — algo que ninguém no mundo fora dessa ilha jamais havia conseguido fazer por muito tempo, até onde Roku sabia. O que o velho estava fazendo ali funcionava. A Nação do Fogo poderia usar mais líderes equilibrados e competentes como ele.

Ainda assim, Roku não confiava completamente no chefe do clã. Talvez fosse a maneira como Ulo guiava suas conversas com tanto cuidado. Ou talvez fosse o desprezo que se escondia sob suas palavras sempre que falava do mundo exterior. Ou talvez fosse o jeito como sua calma parecia um pouco forçada.

Ulo estava escondendo algo, e Roku teria que descobrir sozinho.

 


 

Quando a noite se aprofundou e o silêncio se instalou sobre a vila, Ulo ainda não havia retornado de seus “assuntos urgentes do clã.” Roku parou de andar de um lado para o outro, sacudiu as mãos e espiou pela entrada da cabana de Ulo, nas sombras densas.

Nada se movia.

O chefe raramente saía do seu lado, então era agora ou nunca.

Roku prendeu o cabelo novamente e desceu silenciosamente a escada de bambu. Ele se esgueirou pela vila, passou pelo último conjunto de cabanas e seguiu pelo caminho que se afastava do vale.

Era bom estar do lado de fora e se movimentando novamente, e ainda melhor estar fora da presença constante do velho. Uma vez que a vila estava completamente fora de vista, Roku fez uma pausa, esfregou as mãos e concentrou sua energia o suficiente para produzir uma pequena chama tremeluzente na palma da mão. Estava longe do que ele normalmente conseguia criar, mas Roku ficou aliviado por conseguir dobrar fogo pela primeira vez desde a caverna. A chama também fornecia luz suficiente para que ele não tropeçasse em cada pedra e raiz no caminho.

O caminho serpenteava pelo vale, entrava em uma floresta densa e depois passava por um bosque, onde se estreitava a tal ponto que os ombros de Roku roçavam nos altos caules de bambu vermelho-escuro de ambos os lados. O caminho se alargava após o bosque, quando a floresta densa retornava. Não muito longe dali, Roku chegou ao que parecia ser um poço largo e profundo, onde havia uma passagem rochosa arqueada incrustada na encosta.

Tinha que ser aquilo. A entrada dos túneis. E, mais adiante, a Caverna Sagrada.

Roku encontrou um conjunto de degraus de pedra moldados a partir da terra circundante, os seguiu descendo para o poço e entrou. A chama em sua mão brilhou com força renovada, e seu espírito vibrou com a energia familiar fluindo invisivelmente pelos túneis. Se ele tinha alguma dúvida de que poderia acessar o mesmo inexplicável impulso que o havia guiado pelos túneis antes, ela foi apagada por essas sensações.

Mas Roku não havia ido muito além da entrada quando marcas negras ao longo das paredes curvas chamaram sua atenção. Ele se aproximou e levantou sua luz para examiná-las.

Eram cobertas por desenhos intrincados de carvão que continuavam por ambos os lados das paredes, até onde ele podia ver. Isso o lembrava da Galeria Real no Palácio Real da Nação do Fogo, que continha os retratos dos antigos Senhores do Fogo, bem como pinturas dos eventos mais importantes na história da Nação do Fogo. Ele ouviu dizer que os retratos de todos os Avatares do Fogo também costumavam estar na Galeria, mas foram destruídos pelo Falso Avatar e nunca foram substituídos.

Roku caminhou lentamente ao longo das paredes, entendendo que as imagens também revelavam uma história. Os desenhos eram rudes para os padrões da Nação do Fogo, mas Roku fez o seu melhor para decifrar seu significado.

Pelo que ele conseguiu entender, as primeiras cenas mostravam como Dobradores de Fogo encontraram e colonizaram uma ilha – provavelmente aquela ilha – depois dobradores de outros elementos e não-dobradores começaram a chegar. Mas, por algum motivo, parece que as pessoas se dividiram em cinco clãs diferentes que viviam em partes diferentes da ilha.

Então Roku se viu diante de um desenho caótico que retratava uma vila costeira em chamas, seu povo e estruturas em fogo. Ao lado havia uma imagem que mostrava uma vila ribeirinha inundada, seu povo se afogando. Depois, uma vila enterrada em escombros.

E depois, uma vila varrida por ventos fortes.

Roku ponderou sobre essas quatro cenas, tentando juntar a história. O melhor que ele conseguia imaginar era que contavam como cada uma das Quatro Nações havia invadido a ilha e destruído os diferentes clãs em vários momentos. Mas ele não tinha certeza. Ele poderia definitivamente acreditar que o Reino da Terra poderia ter feito tal coisa. Talvez até a Nação do Fogo, se houvesse uma boa razão. Mas as Tribos da Água e os Nômades do Ar? Não tanto.

Ainda assim, Roku demorou-se na escala de destruição que o cercava nas paredes do túnel, a destruição gradual de um povo. No mundo que o havia criado, as Quatro Nações eram um dado. Sim, em algum momento no passado, as diferentes terras e povos foram unificados e houve conflitos e lutas pelo poder ao longo do caminho. Mas ele sempre havia aprendido uma história que tornava as fronteiras eventuais tão inevitáveis quanto a madeira alimentando o fogo. Apesar de toda a sua educação, ninguém havia pedido a Roku que considerasse profundamente as consequências desses conflitos e as perspectivas daqueles que viam outra forma de como o mundo poderia ser.

Exceto a Irmã Disha, Roku agora percebia.

E Gyatso.

O que o Nômade do Ar havia dito?

“Você – sua família, seu clã, sua nação – são os opressores. O que você pode oferecer como Avatar quando não consegue nem entender isso?”

Roku vagou até o próximo desenho, que retratava uma pitoresca vila aninhada em um vale com colinas em terraços. Tinha que ser a vila do Clã Lambak. O único dos cinco clãs originais a ter sobrevivido?

A próxima seção continha uma série de cenas conectadas e altamente detalhadas.

As duas primeiras falavam por si mesmas. Havia um exército invasor de Dobradores de Terra atacando o clã Lambak. Usando a terra como arma, eles cortavam membros e esmagavam crânios. Enterravam mulheres e crianças e empalavam homens. Embora o desenho fosse carvão silencioso sobre pedra, Roku sentia como se pudesse ouvir os gritos angustiantes dos ilhéus. Então, havia um pequeno grupo de sobreviventes fugindo da vila e buscando refúgio no subsolo.

Mas a sequência seguinte confundia Roku. O clã se amontoava no topo de uma colina sob uma cúpula, o sol brilhando diretamente acima. O clã ainda se amontoava sob a mesma cúpula, exceto agora com uma sombra imponente sobre eles. Então, o clã massacrava os invasores Dobradores de Terra usando todos os elementos. De alguma forma, eles conseguiram virar o jogo contra seus invasores – mas como?

— O Despertar de Yungib — veio a voz de Ulo atrás de Roku, assustando o Avatar. — O evento mais importante na história da nossa ilha.

Roku se recompôs, tentando fingir que seu coração não havia saltado para a garganta com a aparição repentina do chefe. Ele se virou e cumprimentou Ulo, parcialmente iluminado pela chama que Roku segurava na palma da mão. Então Roku explicou,

— Eu não conseguia dormir.

— Naturalmente. — Se Ulo estava com raiva, ele escondeu bem. Simplesmente se posicionou ao lado de Roku até estar tão perto que Roku podia sentir o cheiro de cebola do velho. Ulo olhou para o conjunto de imagens por um longo tempo sem falar, depois se inclinou para frente e limpou uma marca solta da pedra. — Algo chamou nosso povo naquele momento — disse ele, deslizando para a história como se a estivesse contando para Roku o tempo todo. — Eles seguiram esse chamado pelos túneis até chegarem a uma vasta caverna, que há muito tempo havia sido um lago de lava.

Parecia semelhante à maneira como Roku havia encontrado a Caverna Sagrada.

— Nosso povo se reuniu para aguardar seus atacantes, em menor número e superados. Tudo o que podia fazer era clamar desesperadamente aos espíritos para salvá-los de uma destruição certa. — Enquanto falava, Ulo começou a traçar um dedo ao longo da sequência de cenas que haviam confundido Roku. — Aquele dia era o equinócio de outono, e quando o sol atingiu seu ponto mais alto no céu, o espírito chegou. Preencheu o espaço com sua energia. Os dobradores entre o povo sentiram essa energia fluindo por eles e a canalizaram para exterminar os invasores.

Se Roku não tivesse experimentado tal poder ele mesmo, ele poderia não acreditar nesta parte da história. Mas ele havia experimentado, então ele acreditou.

Ulo sorriu.

— O clã louvou o espírito da caverna que lhes concedera a força para superar aqueles que buscavam subjugá-los e massacrá-los. Eles imploraram ao espírito para deixar uma fração de sua energia permanecer naquele espaço, para que pudessem se dedicar exclusivamente a defender a ilha e proteger a agora sagrada caverna que o espírito habitava. Sentindo que suas intenções eram verdadeiras e seus corações puros, o espírito da caverna concordou. A única coisa que o povo precisava fazer era provar sua dedicação realizando um ritual a cada equinócio.

Roku havia escutado respeitosamente durante toda a narração da conclusão da história por Ulo. O velho era um contador de histórias cativante, mas Roku se perguntava quanto disso era verdade. Havia uma energia espiritual inegável na caverna, mas pelo que ele leu, os espíritos não funcionavam assim.

Eles não respondiam aos pedidos humanos, e não faziam acordos para parcelar seu poder em troca de louvor. Eram incompreensíveis, suas motivações e raciocínios insondáveis. Eles consideravam os humanos como humanos consideravam formigas: apenas se preocupavam quando as ações coletivas – e muitas vezes não intencionais – das formigas impactavam algum canto de seu próprio mundo.

E, graças a crescer com o príncipe de sua nação, Roku estava plenamente ciente de que as pinturas históricas na Galeria Real eram destinadas a moldar uma imagem favorável da família real. Talvez algo parecido estivesse acontecendo aqui? Talvez não fossem as Quatro Nações que destruíram os outros clãs, mas os próprios Lambak, que então eram livres para criar histórias de sua heroica sobrevivência. Ou, talvez, nunca tivesse havido mais de um único clã, e essa narrativa tivesse sido criada para alimentar o medo do povo em relação aos estrangeiros.

— Com o tempo, aprendemos a realmente controlar e estender esse poder — disse Ulo. — Nossos Dobradores de Água lançam névoa todos os dias para nos manter ocultos de navios que passam. Os Dobradores de Terra mudam as linhas costeiras a cada estação para tornar nossas margens inexploráveis para os curiosos o suficiente para se aproximarem. Nossos Dobradores de Fogo forjam armas para se defenderem daqueles que ousarem aventurar-se para o interior.

Os olhos de Roku se fixaram na grotesca matança retratada na parede.

— E seus Dobradores de Ar?

— São tão flexíveis quanto os Nômades do Ar nas maneiras como servem nosso clã. — Aqui, ele se voltou para Roku. — Mas nunca usamos esse poder para nenhum outro propósito além de manter a ilha, e Yungib, o espírito da caverna, seguros.

O velho homem podia estar moldando a história do seu povo como argila de escultor, mas os resultados eram inegáveis: não-dobradores e dobradores de cada elemento, usando suas habilidades para se complementarem, para defender e servir a um propósito maior – parecia algo saído de um conto de fantasia utópica. No entanto, aqui estava uma comunidade que havia sobrevivido séculos graças a uma colaboração notável de conjuntos de habilidades. O mundo poderia aprender com isso. Ele poderia aprender com isso.

Talvez o dever do Avatar de manter o equilíbrio devesse significar mais do que lutar para preservar uma paz incerta entre quatro corpos políticos ou punir aqueles que cometem injustiças ou defender humanos contra espíritos sombrios. Ele ainda não via claramente o que isso poderia significar, mas talvez estivesse começando a entender.

Roku também começava a se perguntar se teria que fazer mais do que apenas persuadir os Dobradores de Terra a deixarem a ilha em paz – ele talvez tivesse que defender a continuidade da independência do clã da Nação do Fogo. O Senhor do Fogo Taiso não concordaria facilmente em deixar os Lambak permanecerem fora da influência da Nação do Fogo, dada sua fixação em esmagar as Rebeliões das Ilhas Exteriores, mas Roku teria que encontrar uma maneira de convencê-lo a fazer exatamente isso. Se ele ia manter o equilíbrio entre as Quatro Nações, nenhuma delas poderia ter acesso ao poder na Caverna Sagrada.

Ele nem tinha certeza se o próprio clã nativo deveria.

— Continuamos a comemorar o Despertar de Yungib a cada equinócio — disse Ulo, colocando a mão no centro das costas de Roku enquanto o guiava em direção à saída. — Nós festejamos, contamos histórias, dançamos, sacrificamos, agradecemos. E é em cada equinócio, quando o sol atinge seu zênite, que Yungib renova sua bênção. A tradição dita que apenas o chefe do clã pode entrar na Caverna Sagrada para realizar o ritual, mas acredito que o espírito da caverna trouxe você até nós por uma razão. Então, venha comigo neste equinócio, Avatar Roku. Depois de amanhã. Conheça Yungib, e descobriremos juntos qual pode ser essa razão.

Era uma proposta intrigante. Afinal, ele já conhecia muitos humanos, mas se ia servir como ponte entre o reino humano e o Mundo Espiritual, precisava se familiarizar com alguns espíritos.

Ainda assim, ele não conseguia afastar a sensação de que algum perigo ou motivo oculto espreitava por trás do pedido de Ulo.

Havia apenas uma maneira de descobrir.

— Seria uma honra — disse o Avatar Roku.

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Capítulo 28