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O Julgamento de Roku: As armadilhas

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Assim que Malaya soltou sua série de flechas, Gyatso saltou de trás da árvore e girou enquanto balançava seu cajado. Seus movimentos agitaram o ar em uma série de espirais que seguiram cada disparo. Cordas se partiram, pessoas gritaram e bambus se despedaçaram quando as gaiolas caíram no chão e Kamao e Mamamaril gritaram de confusão surpresa.

Os Dobradores de Terra gemeram ao se levantar, e Malaya sentiu um alívio ao ver que sua mira estava correta e que Gyatso havia temporizado sua dobra de ar perfeitamente, evitando que todos caíssem para a morte. Então os Dobradores de Terra se viraram e fugiram.

— Bem — disse Gyatso.

Malaya deu de ombros, colocou seu arco nas costas e soltou um assobio alto e penetrante. Kilat apareceu ao lado de Malaya em um instante, parecendo desorientada pela queda, mas radiante por estar reunida com sua companheira. Elas se abraçaram rapidamente, então a gorila-társio lançou Malaya em suas costas aveludadas.

— Onde está o meu? — perguntou Gyatso.

— Ah, você tem esse cajado maneiro — disse Malaya. — Mantenha Kamao e Mamamaril ocupados. Amihan deve estar por aqui em algum lugar. — Ela deu um toque no ombro direito de Kilat, e a gorila-társio se agarrou à árvore mais próxima e subiu rapidamente. Quando chegaram ao topo, Malaya deu dois toques no ombro de Kilat e elas pararam. Malaya observou a área ao redor enquanto a luz pálida do amanhecer penetrava pelo dossel dos enormes carvalhos cinzentos.

Mas, após apenas alguns momentos, sua preocupação com Gyatso prevaleceu e puxou sua atenção para baixo. Reprimindo a tontura que vinha ao ver todo o caminho até o chão, ela viu que Gyatso havia se colocado entre seus dois conterrâneos e os Dobradores de Terra em fuga, desviando graciosamente de seus ataques. O Nômade do Ar se abaixou sob um chute de fogo arqueado, desviou de uma série de golpes de lança, girou seu cajado para dispersar uma rajada de chamas e deu um salto mortal para trás, escapando de um golpe rápido. Então Gyatso soprou uma rajada de ar que fez o Dobrador de Fogo voar como uma folha ao vento. Mas Mamamaril se esgueirou por trás de Gyatso e lançou sua lança em suas costas.

Malaya alcançou seu arco, mas o Nômade do Ar girou e desviou a lança com seu cajado antes que ela o atingisse.

Tudo bem. O Dobrador de Ar sabia se cuidar.

Mas Kamao estava de pé novamente. Malaya puxou seu arco e disparou. A flecha perfurou o ombro direito do garoto, fazendo-o cambalear para o chão enquanto ele gritava de dor. Ela armou outra flecha, mirou em Mamamaril, que ainda tentava empalar Gyatso, e disparou. A flecha assobiou no ar em direção ao alvo, mas desviou abruptamente para a esquerda e cravou-se no lado de um carvalho cinzento. Malaya entendeu o motivo do desvio um momento antes de uma rajada de ar empurrá-la de Kilat.

Malaya agarrou um galho, girou ao redor dele e pousou em cima, agachada. Ela assobiou para Kilat, mas a gorila-társio não apareceu. Ela olhou para cima—Kilat estava lutando com o gorila-társio de Amihan nas copas das árvores.

Rugindo e sibilando, as duas criaturas eram um borrão de garras e dentes. Elas se separaram por um momento, o suficiente para Kilat pular para a árvore seguinte, antes de se chocarem novamente, apenas para se separarem no instante seguinte.

Ela finalmente entendeu. Os Dobradores de Terra capturados eram isca, e Malaya havia caído diretamente na armadilha.

Houve um chiado agudo e rápido, seguido de uma dor ardente que rasgou o ombro de Malaya como se tivesse sido cortada por uma faca invisível. Malaya cerrou os dentes e se virou. Amihan estava equilibrada em um galho próximo, com as mãos levantadas para atacar novamente.

— Finalmente — disse ela, sorrindo —, um verdadeiro desafio.

Malaya pulou para outro galho justo quando outra lâmina de ar cortou o galho em que estava. Ignorando o corte no ombro, Malaya canalizou seu gorila-társio interior e escalou a árvore. Jatos de ar concentrado mordiam seus calcanhares, cortando e despedaçando a árvore em seu rastro.

Desesperada e quase chegando ao topo, Malaya correu ao longo do próximo galho e se lançou para a árvore vizinha, mesmo sabendo que estava longe demais para alcançar.

— Gyatso! — ela gritou, lutando contra o pânico enquanto começava a cair.

— Peguei você! — gritou o Nômade do Ar em resposta.

Um momento depois, um forte vento a partir de baixo pegou Malaya e a empurrou para frente. Ela flutuou até a próxima árvore e pousou em um galho grosso como um falcão superdimensionado, maravilhada com o quanto a dobra de ar podia ser tão suave quanto uma nuvem ou afiada quanto uma faca.

— Truque legal — chamou Amihan do galho acima.

Adaga em punho, ela pulou sobre Malaya.

Malaya bloqueou a mão da adaga de Amihan com seu próprio antebraço, torceu-a para longe e deu uma joelhada na lateral da mulher, fazendo-a cambalear alguns passos para trás no galho enquanto recuperava o equilíbrio.

Malaya sacou sua própria adaga. Teria que manter Amihan perto e constantemente engajada para que não pudesse aproveitar sua dobra.

— Não precisamos fazer isso.

— Mas eu quero — Amihan sorriu, então saltou para frente.

O metal brilhou enquanto suas duas adagas cortavam e esfaqueavam o espaço estreito entre seus corpos, muitas vezes errando, mas às vezes não. Com os pés focados em manter o equilíbrio, suas partes superiores tornaram-se um turbilhão de ataques, bloqueios e contra-ataques. Antebraços, mãos e cotovelos bloqueavam, travavam, torciam e afastavam. A batedora mais velha tinha anos de experiência adicional, mas Malaya tinha a velocidade e a agilidade da juventude e tudo o que havia aprendido ao treinar com Mamamaril desde que era pequena.

— Avisei a Ulo que não podíamos confiar em você como batedora — disse Amihan enquanto girava para evitar o próximo golpe de Malaya e balançava para um galho mais baixo. — Você faz muitas perguntas.

— E você não faz perguntas o suficiente.

Amihan cortou o ar com a mão, enviando um jato de vento que cortou a mão que segurava a faca de Malaya. Malaya perdeu a aderência com a dor repentina, deixou cair sua arma, tentou pegá-la, errou, e viu a faca cair.

Amihan sorriu novamente. Com outro corte, usou sua dobra de ar para cortar o galho de Malaya, forçando-a a pular para o galho de Amihan. Sem perder um segundo, a Dobradora de Ar atacou.

Desarmada, Malaya foi forçada a se defender. Ela se abaixou, desviou, bloqueou e girou para longe, às vezes se movendo apenas um milissegundo antes da lâmina de Amihan cortar sua pele, às vezes sentindo a ardência de ter se movido um segundo tarde demais. Ela recuou até alcançar o tronco de madeira cinzenta, então deslizou para o outro lado, mantendo a árvore entre elas enquanto Amihan continuava a atacar.

— Quantas pessoas você matou por Ulo ao longo dos anos? — perguntou Malaya enquanto se movia ao redor do tronco e a lâmina de Amihan afundava na casca onde seu rosto estivera.

— Quantas ele pediu. — Amihan puxou a faca com um grunhido, então cortou em direção a Malaya, mas a garota girou ao redor do tronco, escapando da lâmina mais uma vez. A faca afundou novamente na madeira, mas dessa vez ficou presa.

Malaya chutou o peito de Amihan, fazendo a mulher cambalear para trás e quase cair do galho. Malaya puxou a adaga de Amihan.

— Você não vai tirar mais vidas.

Amihan se equilibrou e rosnou.

— Então você está colocando todo o nosso povo em perigo.

Malaya avançou e começou a atacar freneticamente. Amihan bloqueou a maioria dos ataques, mas estava em clara desvantagem sem uma arma. Sua respiração ficou mais pesada, suas reações mais lentas. O metal mordeu a carne… uma, duas, três vezes. Amihan começou a recuar enquanto seus antebraços se machucavam e sangravam.

Quando Malaya se preparava para terminar a luta, Amihan escorregou. Ela bateu a cabeça no galho com um som desagradável e caiu sem vida em direção ao chão. Mas o gorila-társio de Amihan saltou, pegou a Dobradora de Ar e a levou embora.

Malaya sentiu uma pontada de desapontamento ao ver a dupla desaparecer na distância. Ela limpou o sangue da adaga, embainhou-a e assobiou para Kilat. Demorou mais que o normal, mas Kilat finalmente chegou. Como sua amazona, a gorila-társio estava ofegante e carregava suas próprias pequenas feridas. Elas se entreolharam com alívio mútuo, então Malaya subiu nas costas de Kilat e desceram a árvore para ajudar Gyatso.

Quando se reencontraram com o Nômade do Ar, não havia mais nada a fazer. Kamao e Mamamaril estavam inconscientes e amarrados. Gyatso estava deitado de costas nas proximidades, soprando uma folha para o ar, deixando-a flutuar para baixo, e depois soprando-a para cima novamente.

Malaya guiou Kilat até lá e pegou a folha de Gyatso no ar.

— Obrigada por ajudar com Amihan.

Gyatso se sentou.

— Parecia que você tinha tudo sob controle.

— Aparentemente, você também. — Malaya acenou com a cabeça para Kamao e Mamamaril.

— Eu não queria me gabar antes, mas sou um Dobrador de Ar muito bom. — Ele levantou seu cajado e executou alguns movimentos complicados.

Malaya olhou na direção onde os Dobradores de Terra haviam fugido. Talvez estivessem fugindo para seu navio, talvez não. De qualquer forma, aquela direção levava à vila, então ela e Gyatso ainda não haviam terminado.

Ela se moveu para frente em Kilat para dar espaço e ofereceu a mão para ajudar Gyatso a subir.

O rosto do Nômade do Ar se iluminou com um sorriso largo enquanto pegava a mão dela.

— Finalmente.

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Capítulo 35