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Contos do Nevoeiro: A Dama Pintada

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ÁUDIO SÉRIE

 

 


 

 

NOVELIZAÇÃO

 

— Kya! Bumi! Venham, já está na hora de dormir! — Katara chama alto, com uma voz firme de mãe.

 

— Ah, não! — Bumi protestou, com a inocência típica de sua idade.

 

— Conta uma história, mamãe, por favor! — implorou Kya, seus olhos brilhando com a expectativa.

 

Katara suspirou, o peso da maternidade refletido em seu gesto.

 

— Ah, vai, só uma história. — Aang entrou na conversa, tentando mediar com seu habitual otimismo. — Podemos contar da vez em que o tio Sokka salvou a tia Suki e o vovô da prisão.

 

— Ah não, essa já foi! — Bumi cortou, demonstrando seu descontentamento com a repetição.

 

— Hum… Que tal quando eu consegui que o mestre Pakku me aceitasse como aluna? — Katara sugeriu, esperando despertar novo interesse.

 

— Essa também já foi! — Kya foi rápida em responder, seu tom deixando claro que buscava novidades.

 

— Ah, já sei! O dia em que consegui as minhas setas! — Aang lançou a ideia com um entusiasmo contagiante.

 

As crianças, não conseguindo esconder sua falta de interesse, fizeram barulhos de tédio.

 

— Hum… Tenho uma ideia. Eu já contei a história da Dama Pintada? — Katara, então, ofereceu uma nova sugestão, esperando capturar a imaginação dos filhos.

 

— Ah, essa é nova! — exclamou Kya, a curiosidade renovada.

 

— Ótimo, vamos lá então… — Katara começou, pronta para mergulhar numa nova narrativa.

 


 

Essa história é tão antiga que as Quatro Nações, como as conhecemos hoje, ainda não tinham sido formadas. Dominadores de Água, Terra, Fogo e Ar compartilhavam um mesmo mundo, sem barreiras ou divisões. É claro que os elementos se concentravam em certas regiões, mas era comum que as pessoas viajassem livremente pelo mundo todo.

 

Foram nessas circunstâncias que nasceu uma garota muito, muito peculiar. Uma Dominadora de Água no território que um dia viria a se tornar a Nação do Fogo. Não se sabe ao certo suas origens, mas muitos acreditam que ela fosse filha de uma Dominadora de Água com um Nômade do Ar. 

 


 

— Como eu, mamãe? — Kya interrompeu, a comparação despertando sua curiosidade.

 

— Sim, como você, Kya! — confirmou Katara, sorrindo para a filha antes de continuar.

 


 

A garota era uma dominadora de água incrível, e suas habilidades de cura eram as melhores que já se havia visto. Conforme ela crescia e se tornava conhecida, pessoas de toda a Nação do Fogo começaram a vir até a cidade buscando tratamento com ela. E ela sempre conseguia curar todos os seus pacientes.

 

A Dominadora também tinha uma relação muito forte com a natureza e os espíritos, e é por isso que tantos acreditam que ela tinha algum parentesco com os Nômades. Ela conseguia se projetar para o mundo espiritual quando quisesse, e era onde passava a maior parte do seu tempo, quando não estava aperfeiçoando sua dominação ou tratando feridos. 

 

Mas sua vida não pôde se manter tranquila para sempre. As fronteiras das futuras nações se solidificavam, e a tensão entre diferentes tipos de dominadores crescia. Figuras de poder da região começaram a se incomodar com uma Dominadora de Água ficando tão reconhecida numa região repleta de Dominadores de Fogo. Sua segurança ali já não era mais uma garantia.

 

Mas o povo a amava. Aqueles que com quem ela sempre se importou, os que ela trouxe de volta da beira da morte, estavam dispostos a protegê-la. Juntos, formaram uma resistência. Pintaram os rostos com tinta de guerra vermelha e branca. O nome da mulher foi esquecido, para sua proteção, e ela passou a ser conhecida apenas como Dama Pintada. 

 

Diz a Lenda que a Dama Pintada não morreu como as pessoas normais. Quando seu corpo físico chegou ao limite, seu espírito transcendeu a linha do mundo físico e do espiritual. Pelos séculos que se seguiram, o espírito da Dama Pintada continuou protegendo a região.

 

Em homenagem ao rio que a cercava, a vila eventualmente adotou o nome de Jang Hui, e com o passar dos anos se tornou mais importante aos olhos da Nação do Fogo. O exército poderia utilizar o rio para construir um tipo mais robusto de metal para armaduras, e então instalaram uma fábrica no local. Por um lado, a fábrica gerou muitos empregos para os habitantes, mas por outro, seus dejetos poluíram completamente o rio.

 

Alguns oficiais da Nação do Fogo, como o General Mung, acreditavam que esse era um preço pequeno a se pagar pelo progresso. Mas o verdadeiro preço era muito maior. O espírito da Dama Pintada, com seu amor tão grande pela natureza, não pôde mais aguentar ficar ali e abandonou o local. Sem sua proteção, os moradores passaram a adoecer junto ao rio.

 

Por sorte, antes que a vila fosse consumida de vez pela doença, a Dama Pintada decidiu retornar. 

 


 

— Opa, espera aí, amor. A Dama Pintada não retornou. Você se fantasiou de Dama Pintada! — Aang interrompeu, introduzindo um plot twist familiar aos ouvintes.

 

— Ah, não, Aang, ela retornou sim. Eu… nunca contei pra vocês. — Katara corrigiu, adicionando um elemento de surpresa à história, sua revelação deixando as crianças de olhos arregalados.

 


 

É verdade que eu me disfarcei de Dama Pintada para ajudar os habitantes. Quando seu pai descobriu, eu e ele lutamos juntos para destruir a fábrica e salvar a vila de vez. O plano não deu muito certo. O exército culpou os aldeões e os oficiais decidiram derramar sua ira sobre a vila. Mas eu não podia deixá-los para trás. Não podia abandonar pessoas que precisavam de mim. 

 

Com a ajuda de nossos amigos, eu me vesti como a Dama Pintada uma última vez. Fizemos o exército acreditar que era realmente ela, e eles se assustaram tanto que foram embora da vila para nunca mais retornar. A fábrica deixou de operar e o rio finalmente se curou.

 

Mas o que nunca contei aos outros foi que, naquela noite, antes de partirmos em nossa viagem, eu voltei ao rio. Era lua cheia, e a superfície brilhava como se fosse dia. Abaixei para molhar minhas mãos e quando ergui o olhar, lá estava ela. A Dama Pintada. A verdadeira. 

 

Ela só me disse uma palavra antes de desaparecer na escuridão da noite: Obrigada.  

 


 

— Então quer dizer que a Dama Pintada voltou graças a vocês? — Bumi perguntou, impressionado.

 

— Mas é claro! Eu sou o Avatar, ajudar espíritos é comigo mesmo! — Aang respondeu, orgulhoso.

 

Katara riu levemente, um som que enchia o quarto de calor.

 

— Pode ser. Mas eu gosto de pensar que ela nunca deixou a vila realmente, e só queria que eles lutassem por si mesmos. — Ela compartilhou sua reflexão, um sorriso sábio nos lábios.

 

Houve uma pausa, um momento de contemplação coletiva, antes de Katara finalmente declarar:

 

— Agora já pra cama, vocês dois!

 

Kya e Bumi resmungaram, mas obedeceram, movendo-se lentamente em direção aos seus quartos, as cabeças cheias das aventuras narradas pela mãe.

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Capítulo 1